Abstract:
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A presente dissertação apresenta uma parte do carnaval da Ilha de Santa Catarina, conhecido como o carnaval gay da cidade, tendo lugar em um conjunto de territórios que incluem praia, bares, boates e também uma região do carnaval de rua do centro da cidade, em que a prefeitura da cidade é organizadora da festa. A idéia central é tomar o carnaval como um momento-chave da cultura brasileira em que características da vida social são postas em relevo e dramatizadas, não necessariamente sendo invertidas, como preconiza a teoria clássica da festa, mas podendo ser intensificadas, como permite perceber o carnaval analisado. Assim, através destes cinco dias de festa, é possível perceber fenômenos associados à homossexualidade no Brasil, permitindo o pensar sobre três eixos da pesquisa antropológica: a territorialidade, na compreensão da ocupação de um pedaço, intermediário entre a tradicional dicotomia casa/rua; a performance, como auxiliar no entendimento das contradições que envolvem a construção de identidades entre homens e mulheres que compartilham uma vivência homoafetiva; e a liminaridade, pensada não apenas como um momento intermediário do processo ritual, mas como uma característica que acompanha a vivência de boa parte desses indivíduos, entendidos aqui como sujeitos da margem. Através de um levantamento histórico e bibliográfico, de conversas informais e da observação participante, compreende-se este carnaval gay como a dramatização de uma vivência homossexual no Brasil, particularmente na capital catarinense, e suas possibilidades de reterritorialização para sujeitos que possuem um histórico de vidas desterritorializadas por conta de sua orientação sexual. |