Abstract:
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Este estudo tem por objetivo refletir acerca da dimensão gerencial da identidade profissional da (o) enfermeira (o) percebida pelos trabalhadores (as) de enfermagem, buscando o redimensionamento e a construção de novas referências para esta dimensão. Foi desenvolvido em uma instituição hospitalar pública e gratuita da região sul do país. O referencial teórico deste estudo foi construído a partir de crenças e valores pessoais, alguns conceitos da "abordagem conceitual" de Capella (1998), referências e pressupostos do Sistema de Aprendizagem Vivencial, bem como, contribuições de alguns autores acerca de aspectos relacionados à dimensão gerencial. Através de uma abordagem qualitativa, a aproximação com os sujeitos do estudo ocorreu a partir de entrevistas semi-estruturadas (com oito trabalhadores de nível médio e quatro chefias de serviço de enfermagem) e de encontros vivenciais (com onze enfermeiras assistenciais), num processo reflexivo e participativo, buscando resgatar as experiências vividas para uma construção efetivamente coletiva, acerca da dimensão gerencial. A dinâmica metodológica utilizada para organizar os encontros vivenciais, teve como base as premissas do Sistema de Aprendizagem Vivencial, que adota como referência a "dinâmica das relações grupais", respeitando a evolução de cada encontro, que inclui quatro fases: inclusão, controle, ajustamento e avaliação. A análise dos resultados foi desenvolvida à luz da análise de conteúdo, segundo Bardin (1977). Ao considerar a identidade profissional da (o) enfermeira (o), como também o processo de trabalho da enfermagem como multidimensional, é que apresento as categorias de análise que surgiram a partir dos dados, baseado na percepção dos sujeitos do estudo, bem como, em reflexões pessoais. São elas: dimensão gerencial, dimensão assistencial, dimensão educativa e dimensão relacional. Em relação aos resultados que emergiram do estudo, um fator fortemente evidenciado pelas (os) enfermeiras (os) se refere a falta de instrumentalização e referências em lidar com a dimensão gerencial. Essas apontaram como a mais difícil tarefa em relação a esta dimensão o "gerenciamento das relações interpessoais" na equipe. A partir dos dados e do levantamento de algumas dificuldades que deveriam ser trabalhadas, os sujeitos do estudo sentiram a necessidade de estabelecer um contrato de co-responsabilidade para buscar coletivamente projetos de mudanças, na instituição. Nesse sentido, a partir da análise dos dados, buscou-se redimensionar e apontar novas referências para a dimensão gerencial. Como possibilidades apontadas surgiram, entre outros aspectos, o gerenciamento participativo, a conquista de maior "autonomia" para os trabalhadores em relação ao seu processo de trabalho, um processo comunicacional eficiente que abarque questões da subjetividade dos sujeitos envolvidos, a reestruturação de alguns instrumentos do processo de trabalho da enfermagem, dentre eles o método de assistência de enfermagem, a construção de espaços concretos de instrumentalização para os trabalhadores, na educação formal como também na educação no trabalho. |