Abstract:
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Este trabalho consiste num estudo sobre a autoridade e sua função na organização da atividade econômica. A tese se apóia na evidência universal de que não existe sociedade sem chefe, sociedade essa cuja função está relacionada desde a pré-história à organização e ao atingimento das suas metas. Partindo-se da problematização da ineficácia dos processos de mudança e dos estudos que concluem sobre a ênfase no mercado como princípio da organização da economia e da distribuição de recursos, contra-argumenta-se que a ineficácia resulta do desconhecimento do modo como os indivíduos e grupos constroem e operam seus símbolos. Nesse sentido, a precarização social e a crise como resultado da inadequada distribuição desses recursos são conseqüências da despersonificação da gestão. A falta de autoridade dá margem para a dispersão da energia humana e para o fortalecimento dos interesses individuais sobre as metas organizacionais. Neste trabalho é apresentada uma perspectiva do processo de gestão como produto da capacidade humana de transformar os recursos do capital simbólico para organizar recursos para o atingimento de metas e de disciplinar a distribuição dos meios de sobrevivência diante da sua escassez. Parte-se das evidências de que esse capital simbólico está incorporado na religião, nos valores sociais, na moral e nos princípios de reciprocidade que regem as relações sociais no cotidiano da família, do bairro, da escola, das relações na fábrica, na empresa ou em outras instituições. Para validação de tal pressuposto foi realizado um trabalho de pesquisa etnográfica numa companhia estatal de Santa Catarina que durou o tempo de realização do doutorado na pesquisa de campo. O referido método centra sua análise no cotidiano dos grupos e das pessoas no ambiente interno e externo da companhia, utilizando o recurso da história como parâmetro do autoconhecimento. Os resultados revelaram que a origem da autoridade está na capacidade de o agente social unificar seus interesses e dar proteção no sentido mais amplo - social, econômico e moral, inclusive. A política através da qual se dá a troca de favores e que une o Governo aos filiados do seu partido e dos que o apoiaram é a fonte dessa cadeia. |