Abstract:
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Este trabalho trata da história de como o espaço foi problematizado em Santa Catarina, a partir do século XVIII, no interior de diferentes concepções de governo, e de como destes quadros distintos emergiram objetivos diferentes em relação a ele, problemas específicos, novos mecanismos e novos saberes. De meados do século XVIII ao início do segundo quarto do século seguinte, governar quer dizer: defender e conservar os domínios soberanos. Neste quadro, o espaço é aquilo o que deve ser defendido e a fortificação das praças é meio como se pode fechá-las ao inimigo externo; a engenharia militar se constitui então como um saber fundamental. Mas é preciso também ordenar a praça, tornando-a regular, evitando as surpresas em caso de ataque, da mesma forma como dispor de súditos que a defendam. No início do século XIX há uma ruptura com este quadro e governar, torna-se administrar a população. Isto quer dizer: procurar meios de fazê-la crescer, preocupando-se com a sua conservação. Neste quadro, o espaço se torna aquilo o que deve ser aberto, perscrutado, delimitado, dividido, ou seja, geografizado, na medida em que a possibilidade do crescimento da população se dá através da relação que se estabelece com a extensão do território de que dispõe um Estado. A imigração se torna um mecanismo concreto que permite impulsionar este crescimento; assim, é necessário conhecer os lugares mais indicados para a criação de núcleos de população, procurar estabelecer entre eles ligações, através da construção de vias de comunicação que fomentem o seu comércio, fortaleçam a sua atividade econômica e impulsionem o seu crescimento. Todo um conjunto de saberes, dos quais a engenharia civil é o principal, constituem-se como fundamentais nesta formação histórica. |