Abstract:
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O objeto central deste trabalho é a instituição denominada Abrigo de Menores do Estado de Santa Catarina (1940-1949) - inaugurada no ano de 1940 pelo então Interventor Federal no Estado Nereu Ramos. Localizado na cidade de Florianópolis, o estabelecimento destinava-se aos meninos e jovens entre 08 e 18 anos declarados abandonados e delinqüentes pelo Juízo de Menores. Embora a instituição pertencesse ao Estado, a Congregação dos Irmãos Maristas era responsável pela sua administração e dessa forma a educação ministrada seguia um caráter religioso voltado ao trabalho. A disciplina, as regras e horários tão presentes e marcantes no cotidiano da instituição parecem ofuscar os olhares e, desse modo, o que sobressai são as tentativas de normatização e disciplinarização existentes no Abrigo de Menores. Contudo, analisando a documentação mais atentamente, percebemos que tais elementos, aparentemente homogeneizantes, coexistiram com outros elementos menos nobres, porém mais emblemáticos, como as disputas, contrariedades, insatisfações; enfim, tensões que também construíram o cotidiano da instituição. Diante disso, procurou-se visualizar além do uno e regular, enfatizando as dissonâncias. A documentação referente ao Abrigo de Menores permitiu também vislumbrar algumas faces da vida das populações pobres de Florianópolis, cidade de onde provinha a sua maior clientela. Junto a esses fragmentos de histórias foi possível refletir sobre os diferentes significados atribuídos a essa instituição. Assim, dentre as muitas possibilidades de escolhas, essa versão da história do Abrigo de Menores privilegiou o espaço da instituição, mas não permaneceu reclusa as suas paredes. |