Abstract:
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A atual crescente preocupação em acusar os defensores das ciências naturais e seu método, como propagadores de um racionalismo puro, do ideário racional-positivista, tem relegado a segundo plano a importância da compreensão da prática científica, e do ceticismo científico como instrumentos de redução da credulidade irracional, e de combate às fraudes e ao charlatanismo. O presente trabalho objetiva propor a importância do confronto das ciências naturais, e seu método, com as pseudociências, como forma eficaz de destacar a ciência como atividade crítica, e diminuir a credulidade, e conseqüentemente aumentar o ceticismo em estudantes do Ensino Médio, perante toda disciplina, teoria, ou prática, pseudocientífica. Partindo de uma breve análise das discussões históricas e contemporâneas acerca da natureza da ciência e seus métodos, procura-se defender, não a unicidade do método científico, mas o fato de ser uma atividade crítica, diferentemente do que ocorre com as pseudociências. Assim, procura-se exemplificar as características relacionadas a pseudociências (adivinhações, medicina alternativa, parapsicologia e ufologia) seguidas das críticas da ciência e do ceticismo científico. A partir também, da análise da prática pedagógica atual dos professores de ciências naturais (Física, Química e Biologia) do Ensino Médio, defende-se a importância da obrigatoriedade da disciplina da Filosofia da Ciência nos cursos de licenciatura de Física, Química e Ciências Biológicas, não apenas com enfoque histórico e filosófico, mas com ênfase na prática pedagógica. Além, também, de se salientar que a maioria dos livros didáticos de Física, Química e Biologia, do Ensino Médio, não dá o devido destaque ao método científico como uma atividade crítica, e nem destaca a importância do confronto entre a ciência e as pseudociências, tornando-os semelhantes aos exemplares de Kuhn, que norteiam a prática pedagógica. Como resultado de uma investigação com professores de ciências naturais (Física, Química e Biologia) do Ensino Médio, procura-se salientar que apesar dos professores considerarem a filosofia da ciência importante para orientar a prática pedagógica e que é preocupante que os estudantes apresentem posturas crédulas perante as pseudociências, estes mesmos professores não percebem que também apresentam semelhantes posturas crédulas. E por fim, a partir da análise de um exemplo de prática pedagógica, em forma de projeto de trabalho, com estudantes do Ensino Médio, tenta-se demonstrar a possibilidade de redução percentual de credulidade nos estudantes, em relação às teorias pseudocientíficas, quando os mesmos são estimulados ao confronto entre as pseudociências e a postura crítica da ciência. |