Abstract:
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O trabalho pretende analisar durante o segundo pós-guerra - de 1946 a 1955 - a constituição de sujeitos modernos através das imagens feminina e masculina publicadas na revista O Cruzeiro. Tais imagens projetam corpos específicos de homens e mulheres dentro de determinadas relações, configurando e redimensionando hábitos e atitudes públicas. Os corpos mostrados nas revistas ora liberam atitudes, ora cristalizam relações entre os sexos e, assim, vão modificando não apenas a maneira de ver o outro e a si próprio, mas prescrevendo a possibilidade de mudança nas relações amorosas e sociais. As imagens parecem ser portadoras de um devir específico: o desejo de ser moderno parece ser o fio que percorre o pós-guerra nacional. A modernidade aqui mencionada não é a mesma do século XIX, pois é marcada pelos bens de consumo norte-americanos, expressos dentro da política do American Way of Life efetivada culturalmente em vários níveis principalmente nas décadas de 1940 e 50. este consumismo modernizador de espaços e costumes promove através das revistas ilustradas um arsenal de imagens sedutoras que buscam ampliar espaços de atuação para principalmente a mulher moderna. Sugestões, portanto, não faltaram para que a mulher moderna estivesse preparada para as mudanças a que o mundo sofria. No entanto, estas mudanças operam mais no sentido de reforçar estereótipos de traços ditos "femininos" do que o fato de trabalhar fora poderia representar - o risco de uma possível masculinização. O trabalho era sugerido, mas em determinados espaços e incumbências. |