Abstract:
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Considerando que a satisfação do ser humano com seu trabalho inclui uma dimensão simbólica referente à sua subjetividade, o objetivo geral desta tese foi compreender, junto a profissionais médicos, os significados do desejo de ser médico na sua satisfação com o trabalho, norteado pela identificação do processo de construção do desejo de ser médico de alguns profissionais médicos, os significados deste desejo e a relação entre a expressão desses significados e a satisfação dos profissionais com seu trabalho. A pesquisa foi qualitativa, com princípios da Abordagem Holístico-Ecológica, o tipo de estudo, o multicasos e a técnica de coleta de dados, a entrevista semi-estruturada em profundidade. Foram sujeitos deste estudo vinte e cinco médicos, que atuam em Santa Catarina, em diversos locais de trabalho, nas áreas de pediatria, clínica médica e cirúrgica, ginecologia/obstetrícia e saúde pública, de ambos os sexos, com mais de quinze anos de formados. O desejo de ser médico, usualmente, emergiu, na infância ou no início da adolescência, e tinha como significados, na maioria dos sujeitos, o altruísmo. Nesta época, os sujeitos imaginavam que seriam felizes sendo bons médicos e idealizavam que, como conseqüência, teriam reconhecimento social e financeiro e boa qualidade de vida. O desejo foi influenciado por modelos de profissionais médicos, crenças familiares, circunstâncias de adoecimento e/ou desejos coletivos da família ou de "outros significativos". A realidade concreta do trabalho médico, em regra, não era conhecida pelos sujeitos. Na formação acadêmica, ocorreu a primeira quebra dos significados do desejo de ser médico, devido à associação de negação da vulnerabilidade do estudante, sua alienação emocional e seu afastamento da comunidade. Na realidade concreta do trabalho, foram apontados como fatores para a "satisfação de ser médico", a competência técnica, a adequação à área de atuação, a boa relação inter-pessoal, a possibilidade de estudar ou expressar a criatividade, o reconhecimento social, financeiro e intelectual, o equilíbrio entre o trabalho e as outras dimensões da vida e o envolvimento político e/ou social; muitos destes, vieram ao encontro dos desejos do passado dos sujeitos. Emergiram, entre os fatores limitantes da satisfação com o trabalho, a dificuldade psicológica em lidar com o paciente, seu sofrimento e a sua morte e a desilusão com os desejos idealizados de reconhecimento e boa qualidade de vida. A desilusão é resultante da desvalorização profissional -confirmada pelos sistemas de saúde e pela sociedade - e da tecnologia que, juntas, acarretam sobrecarga de trabalho físico e mental. São comentadas as estratégias elaboradas para lidar com o sofrimento psicológico. O desejo de ser bom médico concretizou-se, mas o desejo de investir no aperfeiçoamento profissional continua. Os desejos de reconhecimento e de boa qualidade de vida persistem e são almejados por muitos. São sugeridas intervenções e investigações, na ergonomia, medicina e outras áreas de saber que lidam com o ser humano, durante e após a formação profissional, com o intuito de colaborar na abordagem ao ser humano e promover a satisfação dos profissionais com seu trabalho, em prol de sua qualidade de vida |