Abstract:
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Dentre as tendências em destaque na área da atividade física, acompanha-se, nas últimas décadas (1980-1990), a crescente busca por atividades realizadas em ambientes naturais, temática recente entre os estudos na Educação Física brasileira. Tendência que chama atenção para um universo de práticas aqui tratadas como Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN). Esta dissertação apresenta um estudo realizado a partir das seguintes atividades: caminhada de trilhas, escalada, cavalgada, surf, mountain bike, parapente, canoagem, windsurf, sandboard e mergulho. A proposta desta pesquisa ultrapassa o estudo particular de algumas atividades e amplia-se no leque de conhecimentos que delas podem surgir. Nesta perspectiva, partindo das experiências realizadas, com AFAN, na Ilha de Santa Catarina, busquei conhecer quais os elementos teórico-práticos que subsidiam estas atividades e que podem auxiliar no processo de reflexão da Educação Física. Para responder a esta questão recorri à literatura e à pesquisa de campo, realizada através da aplicação de questionário aos proprietários de empresas prestadoras de serviços de AFAN, de questionário e entrevistas com praticantes, além de uma observação participante. Este estudo deu-se através de uma metodologia mista, aproximativa, com abordagem qualitativa e quantitativa. A apresentação e discussão dos dados apresenta-se em três etapas: primeiramente, as características gerais das empresas contatadas; posteriormente as atividades selecionadas e, por último, são analisadas as contribuições dos praticantes entrevistados. Sobre as empresas, estas são de pequeno porte, administradas normalmente por praticantes experientes e, em sua maioria, se limitam em oferecer uma única atividade. Existe pouca associação entre este tipo de serviço e a necessidade de alguma formação acadêmica. Quanto às atividades, tratam-se de manifestações recentes sob a forma atual, entretando, em sua maioria, representam transformações de atividades que acompanham o homem em sua evolução. Estas manifestações apresentam um potencial a ser associado à aventura, liberdade e integração com o meio. Entretanto, sugere-se que as atividades não possuem características, mas características para alguém, um homem, sujeito corporal. A partir da contribuição dos praticantes, percebi a possibilidade de explorar, nas análises, a relação entre as falas e a forma como estes percebem e constroem as atividades e assim também sua relação com o mundo, o que levou ao estudo da percepção. Ao discutir temas como intersubjetividade, vontade e desejo, a descoberta do outro, o gostar, liberdade, saúde, qualidade de vida e construção de conhecimento, pretendo reconhecer, nestas análises, a importância do corpo como fundante de sentido, criador de mundo. |