Abstract:
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Neste trabalho propõe-se estudar a gravidez na adolescência, por meio dos relatos da vivência desse período, realizadas por dois casais, na faixa etária compreendida entre 14 e 19 anos. Utilizando o método do estudo de caso, vale-se de entrevistas semi-estruturadas, aplicadas a esses dois casais, a seus pais e a dois profissionais da saúde. Investiga se a educação sexual recebida na família e na escola promove a apropriação do conceito de contracepção. Nesse sentido, as reflexões valorizam a participação masculina e feminina na concepção, privilegiando a relação do casal como espaço de investigação dos significados da prevenção. Em relação à faixa etária investigada, busca compreendê-la num dado contexto sociocultural e por isso relativizada em cada cultura e em cada segmento de uma mesma cultura. Por essa ótica, este estudo considera a gravidez na adolescência uma construção coletiva e parte do pressuposto de que os adolescentes se constituem nas relações sociais estabelecidas em um momento histórico, fazendo parte de uma rede de relações intergeracionais. Dada a complexidade do tema e do próprio fenômeno da adolescência, a pesquisa buscou reunir a perspectiva de várias ciências, entendendo só assim ser possível dimensionar alguns aspectos dessa complexidade. Dessa forma, busca apoio da Psicologia, da Antropologia, da Educação e da Saúde. As reflexões decorrentes desta análise permitiram verificar que a gravidez na adolescência é, na atualidade, um fenômeno que protagoniza as contradições sociais e familiares do momento ao qual está conectado, sendo o adolescente um dos agentes, entre tantos outros, dessa construção que é cultural e histórica. Constata ainda que, embora haja um esboço de mudança no que diz respeito à educação sexual dos filhos, ainda prevalece o estilo tradicional que se reduz à mera advertência e "alerta" para os riscos que preocupam os pais. Assim sendo, permite-se observar que não se trata de uma educação sexual propriamente dita. A inclusão dos pais dos adolescentes no estudo, embora difícil, contribuiu para iluminar algumas questões de gênero que perpassam pela relação dos casais e apontam para novos modos de cuidar dos filhos. |