Abstract:
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No contexto das colônias portuguesas da África, Cabo Verde conheceu uma experiência histórica peculiar que influenciou, de forma decisiva, o processo de construção de identidade individual e coletiva e a estruturação do campo de interação entre o cabo-verdiano, o colonizador português e os restantes povos colonizados da África. Dominado pelo quadro estruturante da Igreja Católica, que desde o início da colonização engajou-se na difusão dos valores da cultura ocidental, e organizado a partir da transposição de arquétipos administrativos europeus, o espaço sociopolítico arquipelágico foi perpassado, desde os primórdios da colonização, e mais intensamente a partir do século XIX, por sucessivas discussões em torno da identidade dos cabo-verdianos e do estatuto a dispensar a Cabo Verde. No presente estudo, procura-se discutir as formulações identitárias processadas pela elite intelectual cabo-verdiana no contexto do colonialismo português, a partir da sua interação com o metropolitano (colonizador) e o africano (colonizado), visando ainda compreender como, a partir dos sinais emitidos e da retroação das partes, os diferentes agentes interatuantes intentaram potenciar a identidade como ferramenta de mobilização, lealdade ou negociação política. |