Abstract:
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Esta dissertação analisa o lugar do Marquês de Sade no ensino de Lacan. Começamos por reconstruir a recepção de Sade pela vanguarda francesa, particularmente no movimento surrealista e nos seus dissidentes. Em seguida, acompanhamos as modificações do lugar de Sade na obra de Lacan. Para isto nos orientamos nos seis paradigmas do gozo através dos quais J.-A. Miller ordena a doutrina lacaniana do gozo. Dos primeiro e segundo paradigmas Sade se encontra ausente por razões precisas; o terceiro paradigma reivindica a ética sadeana da transgressão; os paradigmas quarto e quinto relativizam a posição transgressiva de Sade; finalmente, no sexta paradigma, Sade é duramente questionado. O último capítulo explicita a pregnância da noção de transgressão tanto na ensaística literária francesa que reabilitou Sade quanto em toda a obra de Lacan, e mostra a matriz sadeana desta noção. A análise da noção de transgressão na obra de Lacan - quem inicialmente a reivindica, afastando-se dela nos últimos seminários - mostra-se extremamente esclarecedora tanto da obra de Lacan quanto da recepção de Sade por Lacan e pela ensaística francesa deste século. |