Abstract:
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Esta mulher tímida de New England, com um temperamento totalmente oposto ao de Walt Whitman, compartilha com ele a distinção de lapidar a moderna poesia norte-americana. Mas, ao contrário de Walt Whitman que se regozijava em soar seu brado bárbaro, Emily Dickinson é o primeiro exemplo da poetisa da privacidade, da solidão e do pranto da alma. Para exemplificar, emprestamos algumas de suas próprias palavras, ela é a alma que... "Seleciona sua própria sociedade. E depois fecha a porta ..."Seus poemas não foram escritos para cortejar a fama. Nem no sentido comum tiveram seus poemas a intenção de compartilhar seu ser com outrem. " Que tétrico é ser alguém! Que vulgar como um sapo. Pronunciar teu nome o dia inteiro. A um lamaçal encantador. " Os poemas são a expressão direta de sua mente e de seu coração, comunicados a si mesma em uma profunda solidão e reflexão. O resultado é um trabalho extremamente pessoal, de pelo menos 1775 poemas conhecidos que, com a exceção de seus quatro primeiros poemas, foram publicados somente após sua morte. A proposta deste trabalho visa a apontar que a produção cognitiva da autora se fundamenta em três hipóteses, a saber: seu provável bloqueio na fase edipiana - entre seus 3 e 5 anos - ; a falha de resolução na retomada do Édipo na puberdade e sua entrega à reclusão, desde sua juventude, e por último, porém também digno de ser mencionado, ao isolamento que foi o elemento norteador do seu processo criativo e o catalisador de sua vasta produção literária. Esta dissertação resgata o trabalho do artista, ainda que este trabalho não seja considerado como tal por um sistema que se orienta para a produção. A despeito disso, sem a música, sem a poesia, sem a arte, enfim, de que valeriam as riquezas que se extraem das fábricas... |