Abstract:
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A explicitação da leitura que Camus faz de Nietzsche é o fio condutor para a abordagem crítica de três elementos marcantes na produção camusiana: o pessimismo, a revolta e a adesão profunda ao mundo. A partir de uma aproximação com o pessimismo trágico nietzschiano, busca-se compreender, explicitar e refletir sobre o duplo movimento, aparentemente antagônico, que caracteriza a obra de Albert Camus: de um lado, a apreciação pessimista da condição humana - resultado da lucidez diante do caráter absurdo que se reveste a experiência do homem no mundo; de outro, a necessidade da revolta diante do "mal" como forma de o homem significar a sua própria existência. A argumentação encaminha-se para uma apresentação do pessimismo camusiano enquanto um pessimismo que, longe de ser resignado ou valorar negativamente a vida, culmina, através da revolta, num lúcido sim à vida. Mas, por outro lado, trata-se de um sim que se contrapõe àquele que Nietzsche extrai do pessimismo trágico, o Amor fati. Desse modo, o percurso crítico realizado pela dissertação revela uma relação ambígua de Camus com o pensamento nietzschiano. |