Abstract:
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Pedro Nava, em suas "memórias", sustenta a força e a riqueza de sua narrativa em uma "leitura" do mundo. Desde fotografias e documentos, passando por velhos bilhetes e cartas do tempo de escola, até os espaços - as ruas, as ruínas, a cidade. Toda esta matéria se mostra para o memorialista como repleta de significados perdidos que o narrador - mediado por seu "saber", a experiência - vai desvendar e nos devolver através do seu texto. A reconstrução deste mundo pleno de sentidos empreendida pela memória não é uma tentativa de "descrição" do passado "tal qual aconteceu", mas - nas palavras do próprio Nava - uma descrirreconstrução: a recriação através da narrativa de um passado vivo e multifacetado. As memórias de Nava são então um esforço de memória cultural, na medida em que se trata de uma inteligibilidade do tempo mediada pelo acúmulo e transmissão da experiência coletiva - a cultura. Uma memória que quer testemunhar sobre os fazeres dos homens empenhados em seu convívio com os outros homens, em suas práticas e significações sociais, que dão sentido ao mundo e ao tempo. |