Abstract:
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O presente estudo tem por finalidade pensar como a noite é representada na poesia de Augusto dos Anjos. No primeiro capítulo relaciono noite e enigma, vinculando tal questão à presença de uma perspectiva antiretiniana em Eu e outras poesias, ou seja, à superação de um olhar figurativo, mais objetivo em relação às coisas, fator decisivo para a ocorrência constante do visionarismo e das sondagens em torno do oculto neste conjunto de poemas. No segundo capítulo, a noite passa a ser vista como sinônimo de perda, de morte. Neste ponto, levanto a hipótese de que Augusto dos Anjos dá vazão à sua concepção mais pessimista de mundo, na qual o nada tende a se tornar uma realidade entrevista e ao mesmo tempo almejada. No terceiro e último capítulo, além de tentar relacionar a noite com o próprio eu-lírico, que tende, pelo seu visionarismo, a tomar uma dimensão cósmica, ou seja, a confundir-se com a paisagem dominante do geral da poesia augustiana, em determinado momento expando as considerações sobre a questão do eu, procurando analisá-lo não só enquanto voz ficcional. Neste sentido, busco postular a viabilidade ou não de haver ressonância entre o eu expresso nos poemas e a figura do autor que o engendrou. Cabe frisar que, para o desenvolvimento destas questões, fez-se necessário recorrer às contribuições das estéticas deformativas do simbolismo, do expressionismo e do surrealismo, bem como às de certos críticos literários, poetas e filósofos. |