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Entre as problemáticas relacionadas à carcinicultura atualmente, está a alta do preço e dependência da farinha de peixe como fonte protéica das rações. A farinha de peixe é essencial nas dietas de camarões peneídeos por apresentar altos índices de ácidos graxos altamente insaturados (HUFA n-3), aminoácidos essenciais e vitaminas. Entretanto a farinha de peixe é um produto caro e limitado. O consumo dos bioflocos presentes na água pelo camarão da espécie Litopenaeus vannamei, em um sistema superintensivo, permite que ingredientes alternativos, principalmente a soja, substituam a farinha de peixe nas dietas industrializadas. A fim de reduzir os custos do cultivo do camarão Litopenaeus vannamei em sistema superintensivo com bioflocos (Bio-Floc Technology- BFT) e contribuir com sua prerrogativa de ser ambientalmente amigável, testou-se a inclusão de farelo de soja e outros ingredientes alternativos em substituição à farinha de peixe oriunda de resíduos pesqueiros. O experimento foi realizado em 76 dias, no Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os níveis de inclusão foram 0% (dieta A), 12,5 % (dieta B) e 21 % (dieta C). Para cada tratamento utilizou-se 3 réplicas, totalizando 9 unidades experimentais de 50 m3 cada. Todas as rações experimentais foram elaboradas com ingredientes práticos e extrusadas, formuladas para ser isoprotéicas (35% proteína bruta) e obedecer as exigências nutricionais conhecidas para a espécie. Os camarões utilizados foram de linhagem SPF (Specific Pathogen Free) com peso inicial de 3,00 ± 0,5 g. Foram analisados os índices zootécnicos (crescimento, ganho de peso semanal, sobrevivência, conversão alimentar) dos camarões, parâmetros físicos e químicos da água de cultivo e o valor nutricional dos bioflocos formados durante o cultivo. Produtividade, conversão alimentar (CA), sobrevivência, ganho de peso semanal (GPS) e peso final foram analisados por ANOVA unifatorial (p<0,05). Diferenças significativas (p<0,05) entre as médias dos tratamentos (p<0,05) foram analisadas pelo teste de Tukey`s HSD. Os parâmetros físicos e químicos foram analisados pelo teste estatístico ANOVA bi-fatorial. Diferenças significativas entre as médias dos tratamentos (p<0,05) e semanas de cultivo foram avaliadas pelo teste de Tukey`s HSD. Nos parâmetros GPS e peso final houve diferenças significativas entre dieta A e dieta B. A dieta B apresentou o maior peso final (11,63 ± 1,38 g) em relação à dieta A (9,39 ±0,31 g) e dieta C (10,20 ±1,10 g). Os demais parâmetros zootécnicos, produtividade, CA e sobrevivência não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos. Os parâmetros físicos e químicos da água se mantiveram entre os limites aceitáveis para o desenvolvimento do camarão L. vannamei por todo o experimento, sem apresentar diferença significativa entre os tratamentos. O valor nutricional dos bioflocos não apresentou diferença significativa entre os diferentes tratamentos. Os resultados satisfatórios mostraram que a redução da farinha de peixe até certo nível de substituição é possível, podendo ser efetuada em cultivos superintensivos de L. vannamei com bioflocos presentes na água, sem afetar seu desempenho zootécnico. E o valor nutricional dos bioflocos não alterou em relação à dieta ofertada. Entretanto, a retirada total da farinha de peixe pode comprometer o ótimo desempenho dos animais, se certos nutrientes essenciais não forem suplementados na dieta. |
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