Abstract:
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Esta tese analisa o debate entre militares nacionalistas e militares antinacionalistas em torno do conceito de nacionalismo no período entre a década de 1950 e o início dos anos 1960. A análise centrou-se nos textos publicados pelos militares na revista do Clube Militar no contexto histórico especificado, bem como nos textos produzidos pelos militares que foram membros permanentes da Escola Superior de Guerra. Observa-se que a designação de militares antinacionalistas refere-se a uma descrição relativa da posição desses militares que organizavam suas idéias políticas em oposição ao pensamento dos militares autodenominados nacionalistas. Neste trabalho, fez-se uso das contribuições teórico-metodológicas da Escola de Cambridge, particularmente das contribuições feitas por Quentin Skinner, assim como das contribuições de Mark Bevir para a abordagem da história do pensamento político. Esta abordagem foi importante para a compreensão do debate e da luta política entre militares nacionalistas e antinacionalistas pela definição do significado de nacionalismo. Os militares tinham pleno entendimento da relevância das disputas retóricas na qual estavam envolvidos, tendo em vista o intuito de cada grupo militar fazer prevalecer a sua própria concepção de nacionalismo. Como mostra Skinner, o significado político dos conceitos pode servir como instrumento estratégico para ações políticas. A luta retórica entre os militares buscava moldar o horizonte político, que naquele contexto significava definir as características do desenvolvimento nacional de acordo com os interesses e as crenças de cada grupo em disputa. Skinner vincula questões de ordem conceitual com disputas políticas e intelectuais contingenciais. Desta forma, Skinner considera que o estudioso deve centrar-se nos usos que os agentes fazem dos conceitos em argumentos. Os agentes, quando envolvidos em disputas políticas e/ou intelectuais, visam legitimar, junto a leitores/ouvintes, o uso que fazem de determinados conceitos. O estudo analisou os militares nacionalistas que estiveram à frente do Clube Militar e da revista do Clube nos anos 1950/52; os antinacionalistas que controlaram o Clube entre 1952 e meados de 1956 e a partir daí os militares nacionalistas/legalistas. A análise mostrou que o conceito de nacionalismo é contestado (polissêmico) no âmbito da corporação militar no Brasil na década de 1950 e início dos anos 1960. |