Abstract:
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A presença de mulheres proprietárias de escravos - viúvas e solteiras - foi recorrente na cidade do Desterro (Florianópolis) na segunda metade do século XIX. Essa dissertação pretende estudar as trajetórias individuais de algumas dessas mulheres para tentar compreender as estratégias que usaram para construir suas vidas, lidar com as incertezas do cotidiano, tecer relações sociais e ter acesso a recursos materiais e imateriais. Foram escolhidas entre as de posição média no plano econômico e social: não eram as mais ricas, mas podiam atingir um nível de vida com certo conforto, através do uso de arranjos diversos, inventando e reinventando seu dia-a-dia. As fontes pesquisadas são os registros notariais, sobretudo as cartas de liberdade e contratos de locação de serviços, testamentos, inventários post-mortem, anúncios de jornais, livros de receitas e registros financeiros da Câmara Municipal. Baseado nesses documentos, esse trabalho tenta demonstrar a importância da propriedade escrava para as estratégias de sobrevivência dessas mulheres, assim como os conflitos, tensões e negociações que faziam parte de uma sociedade escravista. A propriedade de escravos era, para as mulheres que muitas vezes viviam sozinhas, não apenas uma garantia econômica, pois as relações entre escravos (as) e suas proprietárias poderia dar espaço a algumas formas de companheirismo amistoso e ligações de afeto. |