Abstract:
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Em meio às possíveis configurações de família na contemporaneidade, neste estudo trago à cena a família monoparental masculina. Problematizo a realidade de pais homens que vivem com seus filhos, sem cônjuge e que caracterizam a crescente monoparentalidade, conforme os dados do IBGE. Visto a ênfase dos estudos verificados em bases de dados sobre famílias monoparentais, e interessada em investigar a realidade de pais que vivenciam esta configuração, lancei-me ao objetivo de verificar as significações atribuídas por quatro pais de camadas médias as suas famílias monoparentais, seus aspectos e vicissitudes. A partir do conjunto de enunciados destes pais, capturados por meio de entrevistas semi-estruturadas, desenvolvi a análise da pesquisa, inspirada na análise do discurso de Michel Foucault e balizada pelas teorias feministas e de gênero. Através de trechos selecionados, pais monoparentais explicitaram a relação de verdade representada pelo modelo tradicional de família como ideal. Por melhor que possa lhes parecer viver/ter a guarda de seus filhos/as, verdades consolidadas por gerações estabelecem relações de poder no exercício de suas vidas. Todavia, estes pais do tempo presente estabelecem relações horizontais com seus filhos, além de serem participativos e comprometidos. Expressaram em suas falas os prazeres e enfrentamentos relativos a esta configuração de família, além do esforço e desejo de cuidar com qualidade suprindo o fazer de pai e também o que caberia à mãe. Ainda que no campo das ciências sociais e humanas, em especial na área da psicologia, o estudo sobre família(s) floresça desde longa data, a questão da diversidade e das possibilidades outras de se viver em família se fazem mais evidentes. O modelo posto e normatizado do que se espera ser família é colocado em xeque pela pluralidade de famílias e possibilidades de parentalidade, demandando novas discussões para os possíveis modos de vida em família. |