Abstract:
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O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de propor um conjunto de medidas que possibilitem a utilização da Cédula de Produto Rural (CPR) e dos mecanismos de futuros e opções como instrumentos para obtenção de financiamento e redução de risco de variação de preço de café. Assim, foram pesquisados produtores de café, agências do Banco do Brasil e Sindicato Rural, localizados na região norte do Estado do Paraná, no período agrícola de 2001/2002. Para tanto, comparou-se o custo da CPR com outras alternativas de crédito (recursos do CDI, crédito oficial e crédito pessoal), além de se dimensionar o efeito do custo financeiro do aval na taxa efetiva das CPRs Produto. Outro aspecto abordado é a utilização dos instrumentos de mercados futuros e opções para comercialização da safra. Assim, foram apresentados exemplos de operações pertinentes àqueles mercados, como alternativas de fixação de preços de café. Como resultado da pesquisa, a CPR produto, apesar de fixar preço antecipadamente, apresentou grande variação de taxas efetivas de juros, as quais chegaram até 121,69% ao ano, o que é proibitivo para o segmento agrícola. Quanto à CPR financeira, esta apresentou custos na faixa de 25% ao ano, isto é, muito superiores quando comparadas ao crédito oficial de 9,5% ao ano, mostrando-se viável apenas para aqueles produtores com maior produtividade, através de plantio adensado. O crédito pessoal, apesar de raramente utilizado pelo produtor, mostrou-se a pior das alternativas apresentando taxas de juros na ordem de 166% ao ano. Quando associados CPR e os mecanismos de futuros e de opções, os resultados apresentados demonstraram que o produtor ao utilizar estes instrumentos pode obter melhor desempenho, em relação ao processo tradicional de custeio e venda da safra, em termos de financiamento e proteção de variação de risco de preço. Como resultado do estudo, são sugeridas medidas visando a melhoria do modelo de financiamento e da proteção de preços hoje praticados, com enfoque nos seguintes aspectos: manutenção da taxa de financiamento a 9,5% ao ano para a cafeicultura; financiamento dos ajustes nas operações de venda a futuro e financiamento dos prêmios das opções de venda; reavaliação da taxa de aval em CPR; vinculação de parte da produção financiada a operações de trava de preço via futuro e opções; seguro de performance que proporcione emissão de CPR a custos menores e, por último, a criação de um fundo de commodities lastreado em CPRs, em que a venda do produto esteja acertada através de mercado futuro ou de opções. |