Abstract:
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Este trabalho se constitui num estudo teórico sobre as formações identitárias presentes nos processos de articulação política da sociedade global. Utilizamos como referência de análise o conceito de esfera pública multi-identitária, forjado para demonstrar que esta se apresenta como espaço de reconhecimento das diferenças na produção de sentido da democracia. O problema que este trabalho apresenta refere-se às mudanças sistemáticas pelo qual a esfera pública vem passando, através de novas formas de articulações da sociedade em rede, demonstradas através das mobilizações políticas no cenário da sociedade globalizada. A partir dessa problemática defendemos a tese de que a articulação comunicativa dos atores sociais tem proposto uma mudança de sentido no campo simbólico da política e essa mudança vem provocando uma nova caracterização do ideário democrático no bojo da relação local-global. Isto se fundamenta na constatação de que as relações locais e globais estão cada vez mais próximas, através da cibercultura política, da legitimidade dada aos movimentos antiglobais e da formação discursiva que os Fóruns Sociais Mundiais (FSMs) têm representado emblematicamente na luta em favor de um modelo democrático fundado no reconhecimento das diferenças. Justificamos a análise sobre as formações identitárias numa dimensão política fundamentada no atual debate teórico sobre a reestruturação da sociedade civil no processo de afirmação e reconhecimento das diferenças. Com isso, procuramos argumentar que no cenário da cultura política contemporânea, a esfera pública, em que se estruturam essas formações identitárias, não é cega às diferenças e funciona como uma caixa de ressonância comunicativa de produção de sentido da democracia, contra o discurso universalista e formal da democracia neoliberal. |