Abstract:
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A principal preocupação deste trabalho é analisar de que forma os negros aparecem ou são excluídos de representações sobre a Guerra do Paraguai. Fazer essa reflexão implica em levar em conta algumas barreiras como a invisibilidade dos negros nas narrativas sobre o conflito, elas mesmas alvo de análise. Voltar o olhar para o silêncio dos textos a respeito dos negros é uma maneira de fazer falar esse silêncio. Foram selecionadas quatro narrativas diferentes sobre a Guerra do Paraguai. Duas delas são o diário e o relato baseado em diário de dois combatentes que ocupavam postos de oficiais junto ao exército brasileiro durante a guerra: Diário, de André Rebouças, e A Retirada da Laguna, de Alfredo Taunay. As duas outras narrativas são os artigos de um jornal do período, Democracia, e três narrativas de cordel, presumivelmente compostas na época ou logo após o conflito. Em todos os textos, a questão é a busca pelo que se fala a respeito dos negros e por aquilo que se deixa de falar. A Guerra do Paraguai foi um evento importante na construção da idéia de nação no Brasil e na formação do exército brasileiro, que ainda hoje trata esta guerra como um feito heróico do país e sequer cita a presença de negros no combate. |