Abstract:
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A prática de enfermagem no Brasil tem sido influenciada mais fortemente por duas concepções de saúde. De um lado, pelo modelo biomédico, totalmente centrado na doença, no qual o principal foco de atenção recai sobre as anormalidades funcionais e estruturais dos órgãos e sistemas do organismo. De outro lado, por uma série de teorias de enfermagem, nas quais o foco de atenção é o ser humano como um todo. Para Nordenfelt (1987, 1995), de acordo com modelo biomédico, a saúde é vista sob uma perspectiva analítica, enquanto que, na minha opinião, na grande maioria das teorias de enfermagem, a saúde é vista sob, o que este mesmo autor denomina, uma perspectiva holística. Minha tese é que as diferentes concepções de saúde influenciam o processo de cuidar de maneira positiva ou negativa, tendo como conseqüência implicações éticas distintas. Assim, tenho como finalidade refletir sobre as relações entre concepções de saúde, ética e processo de cuidar em enfermagem. Para tanto, realizo uma reflexão filosófica, na qual analiso uma teoria representante do modelo biomédico, uma teoria de enfermagem, e uma teoria baseada na ação humana, caracterizando o modo como as diferentes concepções de saúde podem se refletir no processo de cuidar e na relação cliente- profissional. Discuto até que ponto e de que modo os conceitos de saúde e os princípios éticos podem fundamentar teoricamente o processo de cuidar em enfermagem. Este trabalho foi dividido em três partes. Na primeira, analiso a Teoria Bioestatística de Christopher Boorse (1975,1977), a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta (1979) e, a teoria holística baseada na ação humana de Lennart Nordenfelt (1987,1995). Na segunda parte, apresento uma fundamentação teórica sobre a ética da saúde, destacando a constituição do agente moral e o nascimento da ética principalista. Como parte do processo do cuidar, descrevo a relação profissional sob a perspectiva da experiência hermenêutica (descrita por GADAMER [1998] e analisada por ÀRNASON [2000]), a qual privilegia a solidariedade e o diálogo. Finalmente, apresento um suporte empírico com depoimentos de enfermeiras e enfermeiros suecos sobre o processo de cuidar. Finalmente, no último capítulo, faço algumas reflexões sobre a possibilidade de uma enfermagem baseada na solidariedade. |