Efluente de larvicultura de camarões marinhos: caracterização e estudo preliminar para o tratamento em lagoas rasas /

Abstract

Na primeira etapa deste trabalho caracterizou-se os efluentes gerados durante a larvicultura de Farfantepenaeus paulensis e Litopenaeus vannamei. Na segunda etapa, o efluente de um tanque de larvicultura de L. vannamei foi tratado durante 28 dias, por batelada, em três lagoas rasas (40 centímetros de profundidade), coletando-se o efluente no início (Lagoa 1), no meio (Lagoa 2) e no fim (Lagoa 3) do cultivo. Quanto à temperatura, salinidade, pH e oxigênio dissolvido os efluentes encontraram-se dentro dos limites legais para lançamento. Residuais de fitoplâncton e náuplios de Artemia sp estiveram associados às concentrações de DBO, COD e SS, enquanto clorofila a à presença do fitoplâncton. Considerando que, cerca de 50% das amostras dos dois efluentes apresentaram DBO acima do máximo preestabelecido na legislação (5 mg/l), estudos de autodepuração do corpo receptor fazem-se necessários. Na maior parte do cultivo, as concentrações de ortofosfato dissolvido nos efluentes ultrapassaram os limites para lançamento (1,0 mg/l). Na etapa de tratamento, o aumento das concentrações de oxigênio dissolvido elevou o pH, favorecendo a remoção de ortofosfato dissolvido através da precipitação de fosfatos insolúveis, sendo esta mais intensa com pH acima de 10. Nas três lagoas, enquanto o fósforo foi removido o COD aumentou, revelando a presença do fitoplâncton, o qual também influenciou diretamente nas concentrações de DBO, SS, clorofila a e feopigmentos. A eficiência de remoção do ortofosfato dissolvido nas Lagoas 1, 2 e 3 foi de 22%, 69% e 88%, respectivamente. O tratamento do efluente mostrou-se eficiente para a remoção de ortofosfato dissolvido, ficando as concentrações finais das Lagoas 2 e 3 abaixo de 1 mg/l (máximo permitido para lançamento de fósforo total). No caso da Lagoa 1 não foi possível atingir concentrações menores que 1 mg/l, devido à intensa floração fitoplanctônica que comprometeu a fotossíntese. Considerando o caráter preliminar deste estudo, pioneiro em nível de Brasil, os resultados obtidos vêm preencher uma das grandes lacunas do conhecimento a respeito do impacto ambiental dos cultivos intensivos de larvas de camarões marinhos.