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Concebendo a prostituição como trabalho de prestação de serviço, foi realizado um estudo qualitativo, no período de outubro de 1998 a março de 2000, com o objetivo de conhecer os significados de mulheres prostitutas de rua da cidade de Florianópolis sobre a relação do Processo de Trabalho de Prostituição com a sua Qualidade de Vida. Este estudo foi baseado teórico e metodologicamente em pressupostos de um referencial de abordagem holístico-ecológica. Para tanto, foi desenvolvido um estudo de campo, através da aplicação das técnicas de observação participante e de entrevistas focalizadas na história de vida e na história do cotidiano. A análise do dados possibilitou a construção do processo de trabalho de prostitutas de rua, nos seus momentos de prestação de serviço, e a explicitação desses dados aponta os significados da relação desse processo com a qualidade de vida dessas mulheres. A partir dessa análise, considera-se o trabalho de prostituição tanto uma possibilidade no processo de viver dessas mulheres, na medida em que possibilita, através do pagamento pelo serviço prestado, a satisfação de necessidades de sobrevivência, em especial as relacionadas ao ter dinheiro para poder ter casa, ter alimento, ter vestuário; quanto uma limitação por produzir nessas mulheres a "dor do corpo", relacionada às doenças advindas com esse tipo de profissão, e a "dor da alma", relacionada à não-consideração de suas crenças, seus valores e suas práticas durante o desenvolvimento de seu trabalho. O estudo, também, mostra que o serviço prestado pela prostituta transcende a satisfação do cliente na sua necessidade de sexo. Por fim, mostra a trabalhadora da prostituição como uma mulher que idealiza uma melhor qualidade para a sua vida, através do ter outras condições, focalizadas em outro tipo de trabalho, para poder deixar de ser "mulher-prostituta" e ser ao mesmo tempo mulher-mãe-amante-"trabalhadora normal". |
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