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Através de uma releitura que equaciona nutrição e literatura, e portanto interdisciplinar, de textos selecionados da obra de Clarice Lispector, esse trabalho tem por objetivo analisar as transformações dos alimentos em palavras e vice-versa, possibilitando assim a reconstrução de pontes culturais ao entrecruzar aspectos sociais, econômicos e históricos. A poética nutricionista que resulta da leitura amplia pois, a visão de uma e de outra disciplina como tal instituída : ao preencher as carências da nutrição propriamente dita, a literatura excede, através do texto clariceano, os limites de seu próprio corpo, desde a dobra (Deleuze) alimentar nos processos de transformação da matéria-mercadoria aos desdobramentos, deslocamentos, proliferação de sentidos. Da intercessão entre corpos recortados (muscular, erógeno e biológico) do diálogo fundamental estabelecido entre escritora e mundo, a textura-matéria confunde-se à textura-sujeito da escritura. Estes corpos, elos operativos, sensuais e físicos, facilitam tanto o entendimento das passagens modernas e expressivas da cultura como os processos incorporativos da palavra alimento na formação de corpos que (se) comem. |
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