|
Abstract:
|
Nosso tema se encontra na Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino (2009b, pp. 322-4; Ia IIae, Q. 24, a. 3). Neste trecho foi questionado se as paixões sempre diminuem a bondade do ato moral. O propósito de Santo Tomás foi, contrapondo-se aos estoicos, sustentar que nem sempre isto acontece. Para alcançar seu objetivo, corrigiu a doutrina estóica a respeito do tema e, ao responder as objeções, propôs três modos de relação entre as paixões e o juízo da razão: os modos antecedente, por redundância e por eleição. Esses modos servem de contra-argumento à asserção a ‘paixão sempre diminui a bondade do ato moral’. Nosso objetivo foi reconstruir a refutação de Santo Tomás.
Eis nosso método. Primeiro, fixamos conceitos segundo a doutrina de Santo Tomás de Aquino. Tendo definido o conceito que mais nos interessava, isto é, o conceito de paixão, explicamos a definição. Então esclarecemos o que, dentro do sistema tomista, devemos entender por bondade do ato moral e por diminuir esta bondade. Isto levou-nos a tratar brevemente de alguns princípios importantes da moral tomista, como objeto, intenção e circunstância. Por último, elucidamos a forma lógica de nossa conjectura, para evitar confusões lógicas. Este trabalho inicial visou preparar o terreno para a refutação. Na refutação da conjectura, reconstruímos o argumento de Santo Tomás. Tentamos evidenciar certas coisas que não constam no argumento original: premissas e princípios tomistas subjacentes na argumentação, e algumas demonstrações auxiliares, também construídas a partir do sistema tomista.
No fim da pesquisa, mostramos que, a partir dos princípios tomistas, a sentença ‘a paixão sempre diminui a bondade do ato moral’ é falsa, isto é, segundo Santo Tomás, nem sempre a paixão diminui a bondade do ato moral. |