Abstract:
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Este trabalho propõe que consideremos a formação da pessoa educadora ambiental de maneira envolvida pela história dos outros, que, a partir e com o meio em que vivem e através das experiências marcadas por seus afetos, ressignificam em instantes e por gerações as relações e os sentidos que dessas histórias derivam. O conceito de lugar, tradado como um fenômeno experiencial e expressão da multiplicidade do espaço e do tempo a partir de Yi Fu Tuan, Edward Relph e Doreen Massey, se faz valioso para dar relevo aos encontros entre sujeitos humanos e não humanos que produzem, uns nos outros, modos de vida em constante negociação. Para explorar essa perspectiva, elegeu se como campo de pesquisa a Ilha do Campeche (Florianópolis/SC), com o objetivo de cartografá-la por meio dos lugares produzidos por sujeitos humanos no encontro com ela em seu cotidiano. O trabalho é orientado pela perspectiva cartográfica e compreende duas etapas, cada uma delas acrescidas de metodologias específicas. Na primeira etapa, através da observação total, realizou-se anotações reflexivas em um diário de campo e registros fotográficos sobre manifestações humanas e não humanas quando em visitas às praias do Campeche e da Armação do Pântano do Sul. Na segunda etapa, através da observação participante, realizou-se 17 conversas com integrantes de sete grupos sociais signatários do TAC relativo à Portaria do IPHAN 691/2009, para identificar sentidos e afetos derivados das relações com a Ilha. Os dados obtidos expressam a existência de outras ilhas dentro da Ilha a partir da intimidade com ela por parte dos sujeitos que a acompanham ao longo do tempo. Essas ilhas se conformam por signos e sentidos que não somente aqueles indicados pelo caráter técnico-científico de um Patrimônio
Arqueológico e Paisagístico, ou popular, como espaço turístico de beleza cênica associado ao lazer de sol e praia durante o verão. A partir da produção de narrativas e do entrelaçamento dialógico de trechos dessas conversas, ambos com o intuito de tramar as experiências da pesquisadora e dos sujeitos humanos entre si e com a Ilha evidenciando a multiplicidade desse lugar, este trabalho expõe os caminhos em Educação Ambiental que foram constituindo a pesquisadora, partindo da perspectiva Crítica para ir em direção a uma outra, pautada na intensidade dos encontros com as coisas e seres do mundo. |