Abstract:
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Este trabalho tem como objetivo investigar a atuação das organizações antiaborto
estadunidenses Heartbeat International (HBI) e Human Life International (HLI) no contexto
da ofensiva transnacional contra os direitos reprodutivos femininos, com ênfase em sua
influência no Brasil. Parte-se da hipótese de que essas entidades contribuem para o avanço
dessa agenda antiaborto ao impactar processos de criminalização do aborto no país e em
outras regiões do mundo, por meio de estratégias como articulação política e disseminação de
discursos conservadores. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, baseada na análise
documental e bibliográfica, com referência a autoras feministas marxistas e negras. Foram
utilizadas tanto fontes primárias, disponibilizadas pelas próprias organizações, como
secundárias, permitindo a elaboração de quadros detalhados sobre suas lideranças e seus
parceiros, sejam eles indivíduos ou grupos, no Brasil. Os resultados indicam a existência de
uma rede articulada entre as entidades dos EUA e seus parceiros brasileiros, envolvendo não
apenas recursos financeiros, mas também treinamentos e transmissão de métodos de operação,
impactando negativamente a saúde reprodutiva de milhões de mulheres e pessoas que gestam
no país, sobretudo aquelas que são negras, indígenas e pobres. Nesse sentido, este trabalho
contribui para a luta pela autonomia reprodutiva e emancipação feminina, diante da constante
ameaça de retrocessos nos direitos reprodutivos no Brasil e na América Latina. |