O trabalho profissional da/o assistente social na política de saúde em Florianópolis: os impactos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), em contexto de pandemia de Covid-19

Abstract

A crise econômica do capital no século XXI associa-se à crise sanitária do Corona Vírus Disease (Covid-19), que imprime a prerrogativa de distanciamento social para a redução do nível de disseminação do novo coronavírus, reorganizando processos de trabalho, prioritariamente pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que impactam diretamente no trabalho da/o assistente social, por isso abordá-lo como objetivo investigativo é de extrema relevância à categoria profissional. O estudo tem como objetivo geral analisar os impactos das TICs no trabalho profissional da/o assistente social, na Política de Saúde no contexto de pandemia de covid-19, em Florianópolis. Os objetivos específicos são: mapear a incorporação do debate da tecnologia na agenda governamental no campo da Política de Saúde; caracterizar a organização do processo de trabalho na Política de Saúde implementado em contexto de distanciamento social nos espaços sócio-ocupacionais, nos quais se inserem as/os assistentes sociais; identificar quais reestruturações do trabalho da/o assistente social foram implementadas em contexto de distanciamento social que permaneceram após a pandemia de covid-19; refletir sobre o trabalho da/o assistente social na Política de Saúde intermediado por TICs. Para isso, metodologicamente, a pesquisa se caracteriza como qualitativa, sustentada pelo método materialista histórico-dialético. A coleta de dados ocorreu por meio de: 1) pesquisa documental no arcabouço jurídico institucional; 2) aplicação de questionário on-line pelo método bola de neve e 3) realização de Grupo Focal. Os resultados indicam para a conformação de uma nova morfologia do trabalho no século XXI, que tem nas TICs os principais instrumentos para ampliar a subsunção do trabalho e reestruturar processos de trabalho, aumentando a flexibilização, a precarização, a intensificação da jornada de trabalho, o aumento do trabalho morto em relação ao trabalho vivo, a automação, aumento do controle e vigilância do trabalho. O trabalho da/o assistente social sobre os novos processos de gestão do trabalho aprofunda a mitigação da autonomia relativa, intensifica a produtividade direcionada pela racionalidade instrumental; impõe tensionamentos de projetos que disputam historicamente a Política de Saúde; identifica uma perspectiva de saúde centralizada nas tecnologias duras e leve/duras, limitando ? seja pelo âmbito da definição de tempo de consulta ou próprio da aceleração da automação ? as tecnologias leves. O processo de trabalho plataformizado na saúde impacta a gestão de processos de trabalho que aprofundam o gerencialismo e a racionalidade instrumental no cotidiano de trabalho. No que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde, identifica-se a ampliação do processo de automação, anterior ao contexto de pandemia, mas intensificado devido às necessidades sanitárias, amplia-se a focalização, a fiscalização e a penalização do contingente de trabalhadoras/es pobres. Por fim, as TICs, como produto histórico permeado de contradições, sobre o direcionamento hegemônico, radicalizam a exploração do trabalho na periferia do capital, ao mesmo tempo que podem ser instrumentos de mobilização coletiva, sem perder o horizonte que somente em uma nova ordem societária podem transformar as condições de subsistência da classe trabalhadora.

Abstract: The economic crisis of capital in the 21st century is associated with the health crisis of the Corona Virus Disease (Covid-19), which imprints the prerogative of social distancing to reduce the level of spread of the new coronavirus, reorganizing work processes primarily through Information and Communication Technologies (ICTs) that directly impacts the work of the social worker, so approaching it as an investigative objective is extremely relevant to the professional category. The general objective of this study is to analyze the impacts of ICTs on the professional work of social workers in Health Policy in the context of the covid-19 pandemic in Florianópolis. The specific objectives are: to map the incorporation of the technology debate into the governmental agenda in the field of Health Policy; to characterize the organization of the work process in the Health Policy implemented in the context of social distancing in the socio-occupational spaces that social workers are inserted in; to identify which restructurings of the social worker's work were implemented in the context of social distancing that remained after the covid-19 pandemic; to reflect the work of the social worker in the Health Policy intermediated by ICTs. For this, methodologically, the research is characterized as qualitative, supported by the historical-dialectical materialist method. Data collection occurred through 1) documentary research in the institutional legal framework; 2) application of an online questionnaire through the snowball method and 3) realization of a Focus Group. The results indicate the conformation of a new morphology of work in the twenty-first century that have in ICTs the main instruments to expand the subsumption of work and restructure work processes increasing flexibility, precariousness, intensification of the working day, the increase of dead work in relation to live work, automation, without social and labor rights, increased control and surveillance of labor. The work of the social worker on the new processes of work management deepens the mitigation of relative autonomy, intensifies productivity driven by instrumental rationality; imposes tensions on projects that historically dispute Health Policy; identifies a perspective of health centered on hard and soft/hard technologies, limiting ? either by the scope of the definition of consultation time or by the acceleration of automation ? the technologies Light. The platformized work process in health has an impact on the management of work processes that deepen managerialism and instrumental rationality in daily work. Regarding access to health services, the expansion of the automation process is identified, prior to the pandemic context, but intensified due to health needs, the focusing, inspection, and penalization of the contingent of poor workers is expanded. Finally, ICTs as a historical product permeated by contradictions, under the hegemonic direction, radicalize the super-exploitation of labor in the periphery of capital, at the same time that they can be instruments of collective mobilization, without losing sight of the horizon that only in a new societal order can transform the conditions of subsistence of the working class.