Abstract:
|
Este estudo aborda os principais sistemas de classificação bibliográfica utilizados no mundo, tanto os universais quanto os que foram adequados às necessidades e ao contexto da unidade de informação. Os sistemas de classificação mais amplamente utilizados globalmente são a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU). Apesar de sua ampla adoção, críticas apontam que esses sistemas refletem vieses ideológicos e culturais de seus contextos de origem, sendo considerados inadequados para representar conhecimentos de culturas não ocidentais. No Brasil, estudos mostram como a CDD e a CDU sub-representam comunidades indígenas, quilombolas, religiões como Candomblé e Umbanda, além de reforçar estereótipos sobre mulheres e grupos marginalizados. Esses vieses suscitam a discussão sobre a necessidade de sistemas de classificação que reflitam a diversidade cultural e histórica do Brasil. O texto também explora experiências internacionais de desenvolvimento de sistemas de classificação, como a Chinese Library Classification (CLC), que reflete os valores do marxismo-leninismo; o Korean Decimal Classification (KDC), adaptado às particularidades coreanas; o Library-Bibliographical Classification (LBC), da Rússia, que integrou princípios marxistas; o SAB System, da Suécia, que valorizava especificidades locais antes da adoção parcial da CDD; e a Nippon Decimal Classification (NDC), no Japão, criada para atender às demandas culturais japonesas. Essas iniciativas ilustram a viabilidade de sistemas locais para a organização e o acesso ao conhecimento, evidenciando que a criação de um sistema de classificação bibliográfica brasileiro pode beneficiar a representatividade e a eficácia das bibliotecas no país. |