Abstract:
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Introdução: A transmissão e perpetuação de problemas psicológicos decorrentes da
experiência de traumas e contextos de vida adversos têm atraído, cada vez mais, a atenção de
pesquisadores das áreas de psicologia, sociologia e neurociência. Compreender como os
traumas vivenciados por uma geração influenciam a saúde mental e sua transmissão para os
descendentes é essencial para o desenvolvimento de intervenções eficazes que promovam a
resiliência e ajudem a mitigar esses impactos.
Objetivo: Investigar o impacto do trauma e das condições de vida adversas na saúde mental
individual e coletiva, bem como sua transmissibilidade, com foco nos possíveis mecanismos
biológicos e sociais de transmissão traumática. Além disso, analisar os recursos de resiliência
disponíveis para famílias que enfrentam múltiplas gerações de adversidades. O estudo
também examina como condições adversas amplificam os efeitos do trauma, avalia a
persistência de sintomas como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e
somatização, e verifica a eficácia de intervenções terapêuticas. Por fim, busca relacionar
essas descobertas ao impacto recente da pandemia de COVID-19 na saúde mental de
diferentes faixas etárias, considerando a possível persistência e agravamento de condições
psicológicas.
Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura com 32 artigos extraídos de diversas bases
de dados, incluindo PubMed, PsycINFO, Scopus, Web of Science e Google Scholar,
abrangendo publicações até outubro de 2024. Alguns artigos foram classificados como Q1 de
acordo com o Scimago Journal & Country Rank (SJR). A revisão incluiu artigos científicos
revisados por pares que abordam o impacto de traumas individuais, coletivos e
intergeracionais, estratégias de resiliência e saúde mental durante a pandemia de
SARS-CoV-2.
Resultados: A revisão abrangeu diversas populações, como sobreviventes de guerra e seus
descendentes, vítimas de violência e indivíduos afetados pela pandemia de COVID-19. Os
resultados indicam que experiências traumáticas estão associadas a altos níveis de TEPT,
depressão, ansiedade e somatização, além de mudanças epigenéticas. Estratégias de
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resiliência, como suporte social, intervenções terapêuticas e práticas religiosas, mostraram-se
eficazes na mitigação dos impactos negativos. A pandemia de COVID-19 agravou problemas
de saúde mental, especialmente entre grupos vulneráveis.
Discussão: Os achados destacam a importância de intervenções preventivas e terapêuticas
para indivíduos que vivenciaram episódios traumáticos, considerando o histórico de traumas
intergeracionais em seus descendentes. Compreender os mecanismos de transmissão do
trauma e as estratégias de resiliência é fundamental para o desenvolvimento de intervenções
eficazes que promovam a saúde mental e o bem-estar das gerações atuais e futuras. Políticas
públicas e programas devem ser planejados para fortalecer a resiliência e abordar os efeitos
intergeracionais do trauma.
Conclusão: Os traumas vivenciados por uma geração impactam significativamente a saúde
mental tanto dos diretamente afetados quanto das gerações seguintes. Fortalecer estratégias
de resiliência é vital para mitigar os efeitos psicológicos persistentes, e intervenções
direcionadas são necessárias para apoiar grupos vulneráveis. A COVID-19 representa o
evento recente de maior escala global, levantando preocupações sobre a persistência das
condições psicológicas mesmo após a pandemia. Pesquisas futuras devem explorar essas
dinâmicas por meio de estudos longitudinais com amostras mais diversas. |