O cerco fixo flutuante no Pântano do Sul

Abstract

O presente estudo aborda etnograficamente a sociotécnica de uma prática de pesca na perspectiva das relações mais que humanas. O trabalho de campo foi realizado na Praia do Pântano do Sul (Florianópolis/SC) ao longo de um ano, entre 2021 e 2022, com o objetivo de acompanhar a utilização da armadilha de pesca chamada cerco fixo flutuante, técnica trazida por imigrantes japoneses para o Brasil nos anos 1920. Exponho as maneiras que a comunidade de pescadores estrutura seu território em termos de adaptações históricas, eficácia técnica, burocracia estatal e conhecimentos ambientais, além de fazer a articulação entre o uso do cerco fixo flutuante e outras técnicas que compõem um calendário pesqueiro particular. Nesse sentido, o objetivo foi analisar quais os aspectos técnicos da rede de pesca de cerco fixo flutuante são mobilizados tanto para a análise histórica de sua difusão e adaptação, quanto para seu funcionamento atual e a ideia de ?sustentabilidade?. Usando como fio condutor a técnica de pesca, analiso os processos de ocupação litorânea no sul e sudeste do país e a relação da comunidade de pescadores com seu território, intrínseca ao engajamento técnico com o ambiente.

Abstract: The present study ethnographically approaches the sociotechnical analysis of a fishing technique from the perspective of more than human sociality. Fieldwork was carried out at Pântano do Sul beach (Florianópolis/SC) over the course of a year, between 2021 and 2022, with the aim of following the use of the fishing trap called cerco fixo flutuante, a technique brought by Japanese immigrants to Brazil in the 1920s. I expose the ways in which the fishing community structures its territory in terms of historical adaptations, technical efficiency, state bureaucracy and environmental knowledge, in addition to articulating the use of the trap (cerco fixo flutuante) and other techniques that make up a particular fishing calendar. In this sense, the objective was to analyze which technical aspects of the fishing trap are mobilized both for the historical analysis of its diffusion and adaptation, and for its current functioning and the idea of ?sustainability?. Using fishing technique as a guideline, I analyze the processes of coastal occupation in the south and southeast of the country and the relationship between the fishing community and its territory, intrinsic to the technical engagement with the environment.