Genealogias da pobreza: reconstruindo trajetórias intergeracionais de homens e mulheres pobres, escravizados e libertos

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Genealogias da pobreza: reconstruindo trajetórias intergeracionais de homens e mulheres pobres, escravizados e libertos

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Title: Genealogias da pobreza: reconstruindo trajetórias intergeracionais de homens e mulheres pobres, escravizados e libertos
Author: Lisboa, Karen de Sant'Ana
Abstract: A presente pesquisa se dedica a compreender como as pessoas das classes sociais mais pobres viviam no século XIX. As pessoas escravizadas, em sua maioria, não tinham fontes de renda, e a situação se agravava com as alforrias. Naquela época, não existiam políticas de bem-estar social, algum tipo de aposentadoria e, mesmo que passassem a trabalhar como libertos, muitas vezes isso não era suficiente para ter uma vida digna. Nessa pesquisa, também busquei investigar em quais circunstâncias as pessoas escravizadas conquistavam a liberdade. Era bastante comum que a pessoa escravizada, para conquistar sua alforria, precisasse, além de pagar o valor estipulado pelo senhor de escravos, cumprir um tempo de serviço para esses senhores. A história chama isso de "alforria condicional", justamente por haver essa condição. O trabalho de anos de um escravo não era encarado como pagamento do valor pelo qual foi comprado. Aprofundando a pesquisa, fiz uma espécie de tradução de documentos de cartório, escritos à mão e em um português antigo, procurando por pessoas que foram escravas e seus senhores, na tentativa de compreender como essas relações aconteciam, se esses senhores comercializavam, vendiam e compravam essas pessoas para escravizá-las e ganhavam dinheiro com isso. Traficantes de pessoas. Ainda buscando ampliar o olhar sobre a vulnerabilidade dessas pessoas, analisei parcialmente o inventário de um rico comerciante português que vivia em Florianópolis, que, nesse tempo, se chamava Desterro. Esse homem se chamava Manoel Valgas e, segundo seu inventário, tinha oito escravos sob seu comando. No seu testamento, Manoel diz que, após sua morte, os escravos seriam libertos com a condição de trabalharem para sua esposa por mais cinco anos. Um exemplo de liberdade condicional, como disse acima. A liberdade era muito importante, mas não significava exatamente uma melhora de vida para a maioria, apesar de existirem registros de pessoas libertas, ex-escravos, que melhoraram de vida tornando-se comerciantes relativamente bem-sucedidos para os parâmetros da época. Estou no início dessa pesquisa e ainda não pude chegar a muitas conclusões que eu possa compartilhar, mas, até aqui, pude aprender e notar como essas pessoas eram desamparadas e que isso fazia, inclusive, com que permanecessem trabalhando para as famílias que os escravizavam em troca de um teto e comida. Elas não tinham para onde ir. Penso que a pesquisa seja importante para compreendermos a origem das desigualdades que vemos hoje no Brasil, onde pessoas negras e seus descendentes continuam em situação de vulnerabilidade e pobreza.
Description: PIBIC/CNPq (bolsa de pesquisa) - Universidade federal de Santa Catarina
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/259957
Date: 2024-09-24


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