Centralização e open strategizing: os dilemas e o papel do sensemaking e sensegiving no direcionamento das práticas organizacionais

Abstract

O conceito de estratégia aberta (Open Strategizing) envolve as práticas de inclusão das pessoas e a transparência da comunicação e informação nos processos de formulação e implementação da estratégia. Essas práticas ocorrem de forma inconstante e variável, pois a organização precisa resolver dilemas provocados pela decisão de abrir ou não a estratégia. Todavia, em organizações centralizadas, onde a tomada de decisão é conduzida pela alta administração, a diversidade de perspectivas e informações trazidas pela abertura da estratégia pode encontrar resistência e gerar tensões. No intuito de superar essas tensões, os processos de sensemaking e sensegiving caracterizam a criação e o compartilhamento do sentido da estratégia, promovendo o seu significado e facilitando a sua compreensão. O objetivo deste estudo foi compreender como ocorre a coexistência da centralização e da open strategizing, considerando os dilemas que emergem e o papel do sensemaking e sensegiving no direcionamento das práticas organizacionais. A metodologia de pesquisa teve abordagem qualitativa e método abdutivo a partir de um estudo de caso único. O objeto de estudo foi selecionado em virtude de se tratar de uma Empresa Pública de Tecnologia da Informação que adere a práticas de abertura, mas apresenta uma estrutura centralizada. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram entrevistas semiestruturadas; observação participante e levantamento documental. Esses dados foram interpretados por meio da análise temática reflexiva. Os principais resultados indicam que a open strategizing pode ser viável em ambientes centralizados. No entanto, a abertura da estratégia enfrenta desafios relacionados aos dilemas de processo, comprometimento, divulgação e empoderamento; bem como obstáculos decorrentes das características próprias da organização, como tamanho, orientação governamental e valores institucionalizados relacionados à segurança da informação, que a permeiam e condicionam. Entendemos que as práticas de sensemaking e sensegiving promovem a compreensão e disseminação de questões estratégicas, mitigando as tensões que surgem em decorrência da open strategizing e a centralização.

Abstract: The concept of Open Strategizing involves the practices of including people and the transparency of communication and information in the processes of formulating and implementing the strategy. These practices occur in an inconsistent and variable manner, as the organization needs to resolve dilemmas caused by the decision to open the strategy or not. However, in centralized organizations, where decision-making is led by senior management, the diversity of perspectives and information brought by the openness of the strategy may encounter resistance and generate tensions. In order to overcome these tensions, the processes of sensemaking and sensegiving characterize the creation and sharing of the meaning of the strategy, promoting its meaning and facilitating its understanding. The goal of this study was to understand how the coexistence of centralization and open strategizing occurs, considering the dilemmas that emerge and the role of sensemaking and sensegiving in directing organizational practices. The research methodology had qualitative approach and an abductive method based on a single case study. The object of study was selected because it is a Public Information Technology Company that adheres to open practices, but has a centralized structure. The data collection techniques used was semi-structured interviews; participant observation and documentary survey. These data were interpreted through reflective thematic analysis. The main results indicate that open strategizing can be viable in centralized environments. However, the openness of the strategy faces challenges related to process, commitment, disclosure and empowerment dilemmas; as well as obstacles arising from the organization's own characteristics, such as size, government guidance and institutionalized values related to information security, which permeate and condition it. We understand that sensemaking and sensegiving practices promote the understanding and dissemination of strategic issues, mitigating tensions that arise as a result of open strategizing and centralization.