Abstract:
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As lesões de esforço repetitivo (LER) e os distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) são adoecimentos laborais intensamente favorecidos pela precarização do trabalho. O objetivo deste estudo foi descrever o perfil epidemiológico e estimar as taxas de prevalência da LER/DORT entre os trabalhadores no Brasil, no período entre 2007 e 2021, possibilitando a verificação da qualidade dos bancos de dados do SINAN e subnotificação dessa comorbidade. Trata-se de um estudo do tipo transversal, que utilizou dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). A análise abrangeu variáveis sociodemográficas e ocupacionais, produzindo frequências (absolutas e relativas) e taxas de prevalência. Analisadas pelo software Stata 14 e comparadas com a literatura nacional e internacional. Os grupos populacionais mais vulneráveis para LER/DORT foram trabalhadores: mulheres, negros, com menor nível de instrução, de 50 a 59 anos, da indústria, expostos ao estresse, a movimentos repetitivos, à força intensa, à ausência de pausas, a jornadas maiores que 6 horas e a ritmos acelerados, com apenas 41,38% de emissões de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). O banco de dados do SINAN foi considerado de baixa qualidade A pela incompletude das variáveis de 35,5% a 8%. A prevalência encontrada de LER/DORT foi baixa, comparada a outros estudos, com subnotificação (maior que 11.000%), com disparidade de notificações entre os estados. A atual política de notificação e vigilância de LER/DORT no Brasil se mostra frágil e pouco confiável. |