A queda na toca do coelho branco: o ciberativismo masculinista na formação de grupos de ódio e extrema-direita no Brasil

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A queda na toca do coelho branco: o ciberativismo masculinista na formação de grupos de ódio e extrema-direita no Brasil

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Título: A queda na toca do coelho branco: o ciberativismo masculinista na formação de grupos de ódio e extrema-direita no Brasil
Autor: Amato, Bruna
Resumo: O objetivo desta dissertação foi discutir a produção e fomentação dos discursos de ódio de gênero no contexto brasileiro, levando em conta alguns eventos políticos dos últimos 12 anos, que culminaram no bolsonarismo e na ascensão de um governo de extrema-direita. Sabendo da capilarização dos fascismos e suas diferentes articulações e formas de expressão, optei por focar nos discursos dos chamados grupos masculinistas, que se articulam especialmente na esfera online, conhecida como manosfera, por meio de retóricas misóginas e de aniquilação das diferenças. Contrária à ideia de que tais grupos constituem uma manifestação isolada de violência, trabalhei suas articulações e identificações com os discursos e práticas do atual governo e a defesa de um determinado projeto de sociedade, totalmente baseado no antagonismo dos corpos e vivências das mulheres e das populações dissidentes. A partir disso, procurei mostrar como esses discursos fazem parte de um modo de produção de subjetividade neoliberal e neofascista, que encontra eco e se (re)produz nas relações sociais, no cotidiano e nas instituições. A cartografia foi utilizada como estratégia de produção de conhecimento quando aposta na possibilidade de investigar os fenômenos sociais, produzir análises críticas e técnicas de enfrentamento durante a manifestação desses fenômenos, em meio aos efeitos observados socialmente. Já a esquizoanálise foi utilizada na tentativa de: 1) elucidar os fenômenos observados ao longo da construção desse processo cartográfico, com vislumbre de mapear o que circula e o que bloqueia um corpo - as intensidades, as forças e o desejo que vão delinear esse corpo; 2) apontar dispositivos para remoção desses bloqueios que impedem a circulação das intensidades e 3) para sugerir e endossar a necessidade de práticas micropolíticas que possibilitem uma outra forma de nos relacionarmos socialmente. Foi demonstrado o aumento no número de organizações de cunho misógino, racista, lgbtfóbico e neonazista, articuladas pela internet, sua ligação direta com o aumento da violência sofrida por esses grupos e o fortalecimento do atual governo federal e suas políticas de ódio. Já na contramão de todo o retrocesso sociopolítico observado nos últimos anos, encerro esta pesquisa com uma proposta de intervenção nos moldes de uma clínica transdisciplinar, promovendo o diálogo da psicologia com outros campos do saber para estimular outros agenciamentos. O Núcleo de Ações Não Violentas para Combate ao Ódio de Gênero - o NANVI surge, então, como uma ferramenta para formação de agentes comunitários atuantes no enfrentamento das diversas violências articuladas em meio digital.Abstract: The purpose of this dissertation was to discuss the production and promotion of gender hate speech in the Brazilian context, considering some political events of the last 12 years, which culminated in Bolsonarism and the rise of a far-right government. Knowing the capillarization of fascism and its different articulations and forms of expression, I chose to focus on the discourses of the so-called masculinist groups, which are articulated especially in the online sphere, known as the manosphere, through misogynist rhetoric and the annihilation of differences. Contrary to the idea that such groups constitute an isolated manifestation of violence, I observed their articulation and identification with the discourses and practices of the current government, and the defense of a specific project of society, totally based on the antagonism of the bodies and experiences of women and dissident populations. Considering the above, I tried to show how these discourses are part of a neoliberal and neo-fascist way of producing subjectivity, which finds echoes and is (re)produced in social relations, everyday life and institutions. Cartography was used as a knowledge production strate gy since it bets on the possibility of investigating social phenomena, producing critical analyzes and coping techniques during the manifestation of these phenomena, amid the socially observed effects. Schizoanalysis, in turn, was used in an attempt to: 1) elucidate the phenomena observed during the construction of this cartographic process, with a view to mapping what circulates and what blocks a body - the intensities, forces and desire that go outline this body; 2) point out devices to remove these blocks that stop the intensities? circulation, and 3) suggest and endorse the need for micropolitical practices that allow another way to socially relate.
Descrição: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2022.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/255954
Data: 2022


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