Uso não prescrito de substâncias psicoativas para fins de aprimoramento cognitivo acadêmico por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Abstract

O neuroaprimoramento pode ser definido como a melhora do desempenho intelectual de pessoas saudáveis e pode ocorrer por diversos meios, inclusive por meio do uso de substâncias psicoativas (SPAs). As SPAs comumente utilizadas para neuroaprimoramento incluem cloridrato de metilfenidato (Ritalina®/Concerta®/Tedeaga®), modafinil, benzodiazepínicos, álcool, tabaco, maconha, cafeína e anfetaminas. As motivações de uso variam entre aumento da concentração, aumento do aprendizado, relaxamento, melhora do sono, redução do estresse, melhora do desempenho na universidade e trabalho e melhora do humor. O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência e fatores associados ao uso não prescrito de SPAs para fins de aprimoramento acadêmico entre alunos matriculados nos cursos de Engenharia de Controle e Automação e Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os dados foram coletados via online de maneira anônima por meio de formulário do Google forms e todos os dados obtidos foram tabulados automaticamente. Os alunos regularmente matriculados no curso de exatas e no curso da saúde no segundo semestre de 2023 eram, respectivamente, 434 e 697, totalizando 1131 alunos. O questionário recebeu 144 respostas, atingindo o Intervalo de Confiança (IC) de 80%. 27,1% eram do curso de Engenharia de Controle e Automação e 72,9% do curso de Farmácia. 67,8% eram do sexo feminino e 30,8% eram do sexo masculino. A faixa etária mais prevalente foi de 19 - 23 anos (60,4%). Dos 144 respondentes, 33 responderam já ter utilizado e/ou ainda utilizar SPAs sem prescrição para neuroaprimoramento. Estão entre as SPAs mais relatadas a maconha, o metilfenidato, o álcool, o tabaco e os benzodiazepínicos. As motivações para utilizar essas substâncias mais citadas foram para relaxar e/ou lidar com sintomas da ansiedade, quando está em período de provas, quando precisa realizar uma tarefa que exija o mínimo de atenção. Os benefícios mais pontuados pelos alunos foram melhora do humor, melhora na disposição e aumento da concentração. Os efeitos adversos mais citados foram dependência, ansiedade, perda de apetite, cansaço e sonolência. Este estudo concluiu que existe uma tendência do uso não prescrito de SPAs para neuroaprimoramento e que a busca por essas substâncias parece motivacional e, por vezes, como um meio de auxílio para enfrentar situações estressantes. Salienta-se a necessidade de realizar um acompanhamento psicológico com os alunos da UFSC e em promover políticas de prevenção ao uso dessas SPAs para prevenir desdobramentos negativos aos usuários.

Neuroenhancement can be defined as the improvement of intellectual performance in healthy individuals and can occur through various means, including the use of psychoactive substances (PSAs). Commonly used PSAs for neuroenhancement include methylphenidate hydrochloride (Ritalin®/Concerta®/Tedeaga®), modafinil, benzodiazepine, alcohol, tobacco, marijuana, caffeine and amphetamines. Motivations for use vary, including increased concentration, enhanced learning, relaxation, improved sleep, stress reduction, better performance in university and work, and mood enhancement. The aim of this study was to determine the prevalence and factors associated with the non-prescribed use of PSAs for academic enhancement among students enrolled in the Control and Automation Engineering and Pharmacy courses at the Federal University of Santa Catarina (UFSC). Data were collected anonymously online through a Google Forms questionnaire, and all obtained data were automatically tabulated. In the second academic semester, there were 434 and 697 regularly enrolled students in the engineering and health courses, respectively, totaling 1131 students. The survey received 144 responses, achieving an 80% Confidence Interval (CI). Of the respondents, 27.1% were from the Control and Automation Engineering course, and 72.9% were from the Pharmacy course. 67.8% were female, and 30.8% were male. The most prevalent age group was 19-23 years (60.4%). Among the 144 respondents, 33 reported having used and/or still using non-prescribed PSAs for neuroenhancement. The most prevalent PSAs included marijuana, methylphenidate, alcohol, tobacco, and benzodiazepines. Common motivations for using these substances were to relax and/or cope with anxiety symptoms, during exam periods, and when undertaking tasks requiring minimal attention. The most emphasized benefits reported by students were mood improvement, increased energy, and enhanced concentration. Frequently mentioned adverse effects included dependence, anxiety, loss of appetite, fatigue, and drowsiness. This study concludes that there is a trend of non-prescribed PSA use for neuroenhancement, often driven by motivational factors and, at times, as a means of coping with stressful situations. It emphasizes the need for psychological support for UFSC students and the implementation of preventive policies to address potential negative outcomes for users.