Abstract:
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Este trabalho tem por finalidade examinar as relações econômicas da organização privada brasileira no século XIX, identificando também os fatores de construção e concentração da administração econômica, ao longo da colônia, nos núcleos domésticos. A vida econômica e a vida doméstica se misturavam e se confundiam em ambiente no qual o distanciamento do local de descanso e reprodução familiar era mínimo, ou inexistente, em relação ao local de produção e reprodução da vida econômica. A aproximação da vida privada e da vida econômica se dava nas condições do trabalho instalado no interior ou aos arredores das residências, seja este trabalho destinado a subsistência ou a fins de atender demandas mercantis. A mão de obra, majoritariamente escrava, impedia a proletarização pois se atrelava a residência. O trabalho escravizado era também legitimador, junto a posse de grandes propriedades, do poder patriarcal da ordem privada, pois concentrava na figura do senhor o controle sobre os demais membros dessa sociedade. Se verifica ainda no século XIX a concentração do poder político e econômico nas mãos desses senhores proprietários, de terras e escravos, como consequência da construção colonial. Soma-se também o desinteresse com o estabelecimento de unidade pública na construção do Império por parte do poder privado, interessado em manter seu controle local e regional. As mudanças ocorridas no século XIX também seriam responsáveis por reformular a posição desses agentes, e do próprio poder privado, nos entornos do período da abolição e surgimento da República. O entendimento da formação econômica e política brasileira no interior das forças privadas contribui para o identificar razões da forma de organização social estabelecida na formação do Brasil contemporâneo, sua forma de integração e principalmente a relação que se constrói historicamente entre o meio público e o meio privado. |