Perda urinária e depressão em mulheres adultas mais velhas: existe relação?

Abstract

Introdução: A incontinência urinária é uma condição na qual ocorre perda involuntária de urina. Impacta na qualidade de vida, alterações sociais e capacidade de viver independente, e podendo ser associada a sintomas depressivos. Objetivo: Identificar a associação entre incontinência urinária e depressão em mulheres mais velhas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com dados do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). Foram incluídos dados das mulheres respondentes, com 50 anos ou mais, e excluídas as que relataram incontinência fecal associada ou não a incontinência urinária. Foram consideradas com incontinência urinária o autorrelato de perda urinária. A exposição foi presença de 4 ou mais sintomas na escala CESD-8. Foram utilizadas frequências absolutas e relativas, juntamente com os intervalos de confiança de 95%. A regressão logística, bruta e ajustada, pelo conjunto mínimo de variáveis, foi utilizada para investigar a associação entre incontinência urinária e depressão. Resultados: A maior prevalência de incontinência urinária foi em mulheres de 80 anos e mais, com 2,76 mais chances que aquelas com 50 a 59 anos de apresentarem a condição. Entre as que tinham 4 ou mais sintomas depressivos, a prevalência de incontinência urinária foi de 10% e aumentou em 2,34 a chance de autorrelatar a ocorrência do desfecho em comparação com aqueles que tinham menor quantidade de sintomas. Mulheres com 4 ou mais sintomas depressivos tiveram prevalência 2,32 maior chance de incontinência urinária do que as que tinham 3 ou menos sintomas. Conclusão: Diversos fatores podem estar relacionados com a incontinência urinária em idosas. Este estudo teve como objetivo relacionar a depressão com a incontinência urinária. Essa relação é relevante pois impacta significativamente na qualidade de vida dessa população. O presente estudo apresenta algumas limitações e reconhecemos que essas limitações podem afetar a generalização de nossos achados, mas também oferecem oportunidades para pesquisas futuras.

Introduction: Urinary incontinence is a condition in which there is involuntary loss of urine. It impacts quality of life, social changes and ability to live independently, and can be associated with depressive symptoms. Objective: Identify the association between urinary incontinence and depression in elderly women. Methods: This is a cross-sectional study with data from the Longitudinal Health Study of Brazilian Elderly People (ELSI-Brasil). Data from female respondents aged 50 or over were included, and those who reported fecal incontinence associated or not with urinary incontinence were excluded. Self-report of urinary loss was considered urinary incontinence. Exposure was the presence of 4 or more symptoms on the CESD-8 scale. Absolute and relative frequencies were used, along with 95% confidence intervals. Logistic regression, crude and adjusted, using the minimum set of variables, was used to investigate the association between urinary incontinence and depression. Results: The highest prevalence of urinary incontinence was in women aged 80 and over, with 2.76 more chances than those aged 50 to 59 of presenting the condition. Among those who had 4 or more depressive symptoms, the prevalence of urinary incontinence was 10% and the chance of self-reporting the occurrence of the outcome increased by 2.34 compared to those who had fewer symptoms. Women with 4 or more depressive symptoms had a 2.32 higher chance of urinary incontinence than those with 3 or fewer symptoms. Conclusion: Several factors may be related to urinary incontinence in elderly women. This study aimed to relate depression with urinary incontinence. This association is relevant as it significantly impacts the quality of life of this population. The present study has some limitations, and we recognize that these limitations may affect the generalizability of our findings, but they also provide opportunities for future research.