A identidade do trabalhador da Quarta Revolução Industrial: uma análise crítica do discurso do Fórum Econômico Mundial

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A identidade do trabalhador da Quarta Revolução Industrial: uma análise crítica do discurso do Fórum Econômico Mundial

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Title: A identidade do trabalhador da Quarta Revolução Industrial: uma análise crítica do discurso do Fórum Econômico Mundial
Author: Furtuna, Beatriz
Abstract: Este estudo se pauta na percepção de que o discurso amplamente difundido acerca da Quarta Revolução Industrial dissemina ideologias que são parte de um projeto hegemônico do capitalismo. Esse discurso incorpora (re)significações de forma cada vez mais sutil que alteram a identidade do indivíduo em busca da manutenção da centralidade do capital e das relações de poder. Um aspecto marcante do discurso da Quarta Revolução Industrial é a disseminação de um perfil ideal do trabalhador a ser seguido como um modelo de sucesso. Esse discurso é inculcado pelos indivíduos em suas identidades sociais, crenças, conhecimento e relações alterando os processos sociais de identificação e a construção de sua identidade. O presente estudo tem como objetivo analisar o discurso da identidade do Trabalhador da Quarta Revolução Industrial. A realização da pesquisa é justificada pelos seguintes aspectos: a relevância para o avanço do conhecimento na área da Administração e a importância para os estudos organizacionais de se trazer luz aos efeitos dos novos modelos de gestão. Para desenvolvimento da pesquisa, foi selecionada a abordagem teórico-metodológica da Análise Crítica do Discurso proposta por Norman Fairclough (2001, 2003) que utiliza a análise linguística juntamente com os aspectos sociais dos textos para estudar processos de mudanças sociais refletidos nos discursos e, pela característica dialética, os impactos dos discursos nos processos de mudanças sociais. Além disso, utilizou-se uma abordagem qualitativa. O corpus selecionado compreende trechos representativos dos relatórios do Fórum Econômico Mundial, um dos grandes disseminadores do discurso da Quarta Revolução Industrial, The Future of Jobs 2016 e The Future of Jobs 2018. A análise do discurso da identidade do trabalhador não se limitou a mapear as principais competências do futuro, o trabalho de análise desenvolvido no presente estudo buscou trazer à tona valores, ideologias, dinâmicas de poder e outros elementos que são muitas vezes absorvidos pelo trabalhador de forma inconsciente e vão moldando sua visão do mundo e de si mesmo. O discurso neoliberal e o discurso do empresário de si foram identificados como fundantes da identidade do Trabalhador da Quarta Revolução Industrial e o Fórum Econômico Mundial como um vetor importante de disseminação desse discurso. A análise textual e discursiva do corpus revelou que o trabalhador da Quarta Revolução Industrial é um sujeito que tem sua voz cerceada pelos princípios da lógica neoliberal, sendo impelido a se autogovernar a partir dessa lógica. Ele deve buscar constante aprendizado para desenvolver as competências exigidas pelo mercado. É um indivíduo que tem urgência pela própria adequação para se manter competitivo e evitar a marginalização. Esse trabalhador não tem poder na construção do discurso, mas é ativo como reprodutor do mesmo. Por essa construção ele se distancia dos outros trabalhadores e renuncia aos seus direitos. É o trabalhador que vive a precarização do trabalho, mas a enxerga como liberdade, como realização do seu potencial.Abstract: This study is based on the perception that the widely disseminated discourse about the Fourth Industrial Revolution disseminates ideologies that are part of a hegemonic capitalist project. This discourse incorporates (re)significations in an increasingly subtle way that alter the individual's identity in search of maintaining the centrality of capital and power relations. A striking aspect of the Fourth Industrial Revolution discourse is the dissemination of an ideal worker profile to be followed as a model of success. This discourse is inculcated by individuals in their social identities, beliefs, knowledge and relationships, altering the social processes of identification and the construction of their identity. The present study aims to analyze the identity discourse of the Fourth Industrial Revolution Worker. The research is justified by the following aspects: the relevance for the area of Administration and the importance for organizational studies of shedding light on the effects of new management models. To develop the research, the theoretical-methodological approach of Critical Discourse Analysis proposed by Norman Fairclough (2001, 2003) was selected, which uses linguistic analysis together with the social aspects of texts to study processes of social change reflected in discourses and, through dialectical characteristic, the impacts of discourses on the processes of social change. Furthermore, a qualitative approach was used. The selected corpus comprises representative excerpts from the reports of the World Economic Forum, one of the great disseminators of the Fourth Industrial Revolution discourse, The Future of Jobs 2016 and The Future of Jobs 2018. The analysis of the worker identity discourse was not limited to mapping the main competencies of the future, the analytical work developed in the present study sought to bring to light values, ideologies, power dynamics and other elements present in the discourse that are often absorbed by the worker unconsciously and shape their vision of the world and themselves. The neoliberal discourse and the discourse of the self-entrepreneur were identified as founding the identity discourse of the Fourth Industrial Revolution Worker and the World Economic Forum as an important vector for the dissemination of this discourse. The textual and discursive analysis of the corpus revealed that the worker of the Fourth Industrial Revolution is a subject whose voice is restricted by the principles of neoliberal logic, being impelled to self-govern based on this logic. He must seek constant learning to develop the skills required by the market. This is an individual who has an urgency for his own adequacy to remain competitive and avoid marginalization. This worker has no power in constructing the discourse but is active as a reproducer of it. By this construction he distances himself from other workers and renounces his rights. It is the worker who experiences the precariousness of work, but sees it as freedom, as the realization of their potential.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico, Programa de Pós-Graduação em Administração, Florianópolis, 2023.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/251763
Date: 2023


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