Abstract:
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Não é controverso dizer que na última década o Brasil passou por profunda turbulência sociopolítica, desde as manifestações de junho de 2013, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o encarceramento do candidato favorito às eleições de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva, à ascensão de Jair Messias Bolsonaro, representante político da extrema-direita, ao Poder Executivo. É neste cenário que a produtora “Brasil Paralelo”, empresa privada de mídia independente, alcançou, em apenas sete anos desde sua criação, em 2016, as cifras de meio milhão de assinantes e mais de seis milhões de seguidores nas redes sociais. Com a explícita missão de resgatar o que é chamado de bons valores e de tornar-se o ecossistema de maior influência cultural do país, a Brasil Paralelo oferece a seus consumidores documentários, séries, entrevistas, cursos e programas, com temáticas que variam entre história, ciência política, filosofia, arte, economia e atualidades. Este artigo propõe analisar conteúdos específicos da produtora, destrinchando configurações estéticas e movimentos argumentativos empregados como recursos na comunicação de ideais e valores conservadores e correspondentes à ascensão da extrema-direita e do neoliberalismo no país; atendo-se, também, ao uso das mídias digitais como meio de disseminar conteúdos relativos à educação e ao jornalismo sob a forma do entretenimento. Analisamos, nesse contexto, sentidos que entram em disputa nas narrativas, tais como verdade, liberdade, arte, justiça, natureza e cultura, no que pretendemos ser uma crítica imanente orientada para uma Teoria Crítica do Presente. Concluímos discutindo como os novos ambientes públicos, como as redes sociais, aparecem como campos de batalha na disputa por hegemonia cultural, denotando a Brasil Paralelo como um efetivo movimento estratégico das forças conservadoras e reacionárias em direção à educação - mais precisamente em direção à formação subjetiva da população brasileira. |