Parir na cadeia: a violação do corpo feminino na assistência obstétrica de mulheres em privação de liberdade no Brasil

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Parir na cadeia: a violação do corpo feminino na assistência obstétrica de mulheres em privação de liberdade no Brasil

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Title: Parir na cadeia: a violação do corpo feminino na assistência obstétrica de mulheres em privação de liberdade no Brasil
Author: Dornelles, Gabriela Zoti
Abstract: Introdução: Nascer no Brasil é um ato violento. Quando as agressões obstétricas, que perpassam o atendimento de mulheres gestantes livres, atinge o recorte de parição vinculada ao cárcere brasileiro, outras inúmeras brutalidades são expostas. A conformação social das prisões, a ordem de encarceramento em massa, o processo de despersonalização e estigmatização social das cadeias, além da invisibilidade da mulher presa fazem do sistema penal brasileiro um espaço falho e inóspito à geração da vida. Objetivo: Analisar criticamente as condições de violência obstétrica em unidades prisionais brasileiras. Objetiva-se investigar essa realidade partindo da compreensão histórica e sociodemográfica das prisões femininas, da revisão de legislações específicas à garantia de direitos da mulher presa e gestante, além da maneira com a qual a instituição social do cárcere intervêm no ato de nascer. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, de caráter qualitativo e cunhos dedutivo, descritivo e interpretativo. O estudo utilizou a produção científica indexada nas seguintes bases de dados eletrônicas: LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações), além da integração de produções subjetivas da literatura, pesquisas e bancos de dados nacionais que objetivavam demonstrar a relação entre violência obstétrica e encarceramento feminino no Brasil. Resultados: Constatou-se que o processo histórico do nascimento é atravessado por percepções sociais de patologização, medicalização e mecanização do parto, sendo esses, movimentos contribuintes à surgência das violações no campo obstétrico. Também pode-se identificar como esse tipo de violência é perpetrada dentro e fora das unidades prisionais brasileiras, levando em consideração a análise dos sistemas de estigmatização do corpo preso e as interseccionalidades que transpõe a determinação do punir. Conclusão: Conclui-se que a transposição do saber científico ocidental sobre o conhecimento empírico popular firmou o estabelecimento de uma hierarquia de poder, na qual, realojou-se a função social feminina do parturejar ao domínio masculino obstétrico. Esse movimento contribuiu intrinsecamente, ao panorama de objetificação do corpo feminino, base de instalação à violência obstétrica, que pôde ser detalhada por meio de diferentes manifestações, entre elas, a física, a psicológica e a sexual. Transpassando ao cotidiano de mulheres livres, essas violências atingem também aquelas em privação de liberdade, somatizando a essas agressões, especificidades integradas aos processos sociais de estigmatização, invisibilidade e submissão do corpo preso.
Description: TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Medicina.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/248603
Date: 2023-06-30


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