Abstract:
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Este Trabalho de Conclusão de Curso investigou o tema das desigualdades raciais no
adoecimento e morte por COVID-19 no Brasil, a partir de uma perspectiva crítica. Partimos
de concepções teóricas dos campos da Medicina, da Saúde Coletiva e da Filosofia, embora
não exclusivas, visto a complexidade da temática e a necessidade de dialogar com outras
vertentes do conhecimento. Tem como objetivo compreender como se constituíram as
experiências de adoecimento e morte por COVID-19 no Brasil segundo raça/cor. Ainda,
analisar o itinerário da doença desde o diagnóstico até a morte, analisar o impacto social e
psicológico que as mortes provocaram no contexto familiar; identificar vulnerabilidades
sociais e barreiras de acesso aos serviços de saúde. Compreende o processo de luto em meio à
realidade imposta pela pandemia. Este estudo teve abordagem qualitativa e utilizou narrativas
de 35 familiares de pessoas que foram à óbito em diferentes estados brasileiros em
decorrência da COVID-19. A metodologia utilizada possibilitou a análise da temática a partir
da experiência de pessoas que vivenciaram esses adoecimentos e morte. As narrativas
apontam que, nas histórias referente às pessoas negras, foi observado um maior cuidado com
a COVID-19; dificuldade no acesso ao primeiro atendimento e seguimento no cuidado à
doença; o atendimento foi realizado pelo SUS; sem a disponibilidade de tratamento
domiciliar, com restrição de informações e distorção acerca do real estado de saúde do
falecido; religiosidade significante e dificuldades financeiras pela família. Em contraponto, na
narrativa referente ao enlutado pelas pessoas brancas, é apresentado descuido em relação à
pandemia, negacionismo e uso do "kit COVID"; cuidado por plano de saúde e acesso a
tecnologias avançadas e sem grandes prejuízos na vida financeira. Ambos os participantes
apresentavam fatores de risco, profundo sentimento de luto e apoio psicológico. |