Respostas bioquímicas de Litopenaeus vannamei alimentados com dietas formuladas com Ulva ohnoi e Lactobacillus plantarum

Abstract

A aquicultura é uma atividade produtiva do setor de alimentos que vem apresentando rápido crescimento e expansão mundial. Na aquicultura, a suplementação alimentar com macroalgas e probióticos tem gerado interesse nos últimos anos, como estratégia para promover o crescimento animal, e a redução do uso de quimioterápicos nos cultivos. Nesse estudo foi avaliado o efeito da macroalga Ulva ohnoi, isoladamente, e em conjunto com o probiótico Lactobacillus plantarum, no desempenho zootécnico, no índice de condição fisiológica, na peroxidação lipídica e na resistência ao choque térmico a baixa temperatura em Litopenaeus vannamei, mantidos em água clara. Camarões (n=560), distribuídos em dezesseis unidades experimentais (n=35/tanque), foram alimentados (quatro vezes por dia) ao longo de quarenta e cinco dias com uma dieta controle (sem aditivos), ou com dietas suplementadas com 2% da biomassa seca da alga e/ou com o probiótico na concentração de 1,7 x 108 UFC mL-1 por grama de ração. A biometria foi realizada semanalmente para o acompanhamento zootécnico. Ao final do período de alimentação, os grupos das diferentes dietas foram submetidos a estresse térmico por baixa temperatura (11,5 ± 0,1°C por 1 hora), sendo, em seguida, transferidos para tanques com a temperatura de cultivo utilizada previamente (28 ± 0,6 °C). Ao final do período de alimentação, os grupos alimentados com os aditivos alga, probiótico, e alga + probiótico (A + P) apresentaram sobrevivência de 99 %, 98 %, e 98 %, respectivamente, enquanto para o grupo controle foi observado 96 % de sobrevivência. Por outro lado, após o estresse térmico, a maior sobrevivência (77,5 %) foi observada para o grupo da dieta alga, enquanto a menor (62,5 %) foi observada no grupo controle. Entre os parâmetros zootécnicos, somente o peso final mostrou diferença estatística no grupo alimentado com a dieta contendo o aditivo probiótico em relação ao grupo controle. Os valores do índice de condição fisiológica no hepatopâncreas foram significativamente diferentes entre os grupos, sendo os maiores índices obtidos nos grupos que receberam a dieta contendo alga. Após o estresse térmico, os índices de condição fisiológica avaliados no hepatopâncreas não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. Por outro lado, os resultados de peroxidação lipídica indicaram diferenças significativas, sendo os maiores níveis detectados entre os grupos alimentados com a dieta alga. A análise comparativa entre camarões positivos e negativos para o vírus IHHNV não indicou efeito da infecção natural sobre os parâmetros analisados, independentemente das dietas. Assim sendo, este trabalho, o primeiro trabalho a avaliar parâmetros bioquímicos em L. vannamei frente às dietas contendo U. ohnoi como aditivo alimentar, apontou que a inclusão dessa espécie de alga na dieta fornecida aos camarões, durante seis semanas de cultivo, teve um efeito positivo contra o estresse térmico por baixa temperatura e em relação ao índice de condição fisiológica no hepatopâncreas. Entretanto, foi observada uma diferença significativa nos níveis de peroxidação lipídica no grupo alimentado com a dieta alga combinada com o probiótico (A+P). Assim sendo, a realização de novos estudos é sugerida para ampliar a avaliação da aplicabilidade dessa espécie de alga como aditivo alimentar no setor aquícola, em particular na carcinicultura.

Abstract: Aquaculture is a productive activity of the food sector that has been showing rapid growth and expansion worldwide. Since food additives have emerged as an important strategy in aquaculture practices in the recent years, this study aimed to evaluate the effect of the macroalgae Ulva ohnoi, either isolated or combined with the probiotic bacterium Lactobacillus plantarum, on the zootechnical performance, resistance to cold stress and biochemical responses (physiological condition index and lipid peroxidation) in Litopenaeus vannamei, kept in clear water. Shrimp (n=560), distributed in sixteen tanks (n=35/tank), were fed (four times a day) for forty-five days with a control diet (no additives) or with diets containing the same ingredients of the control diet, plus 2% of algae dry biomass and/or with the probiotic bacterium (1,7 x 108 UFC mL-1 per feed gram). Shrimp biometry was performed weekly for zootechnical monitoring. At the end of the feeding period, the groups fed with the different diets were subjected to low temperature stress (at 11.5 °C for 1 hour), and then transferred to tanks with water kept at the same previous maintenance temperature (28 ± 0.6 °C). The survival rates for the groups fed with algae, probiotic, and algae + probiotic (A + P), were 99 %, 98 % and 98 %, respectively, while 96 % of survival was observed for the control group. After cold stress, the highest survival rate (77.5%) was observed for the group fed with algae, whereas the control group showed 62.5% of survival. No differences were seen among the zootechnical parameters, except for the final weight in the group fed with the probiotic bacterium. The physiological condition index in the hepatopancreas showed significant difference among groups and the highest values were found for the groups fed with diets containing algae. On the other hand, after the low temperature stress, no significant differences were seen among groups. The results related to hepatopancreas lipid peroxidation showed significant differences among groups and the most elevated levels were found for the groups fed with algae. The comparative analysis between IHHNV positive and negative shrimp showed no effect of the natural infection by this pathogen on the studied parameters, independent of the type of diet (control or diet with additives). Therefore, the present work, a pioneer investigation aimed to evaluate biochemical parameters in L. vannamei fed with diets containing U. ohnoi as fed additive, showed a positive effect of the inclusion of this algae species against thermal stress caused by low temperature and towards the physiological condition index in hepatopancreas. However, a significant difference was seen in the levels of lipid peroxidation in the group fed with the algae diet combined with the probiotic (A+P). Future studies are suggested to broaden and further evaluate the use of this algae as feed additive in aquaculture, especially in shrimp aquaculture.