Itinerários de (in)disciplinas, violências e conflitos escolares: narrativas de vivências e r-existências no território escolar

Repositório institucional da UFSC

A- A A+

Itinerários de (in)disciplinas, violências e conflitos escolares: narrativas de vivências e r-existências no território escolar

Mostrar registro completo

Título: Itinerários de (in)disciplinas, violências e conflitos escolares: narrativas de vivências e r-existências no território escolar
Autor: Oliveira, Ana Cristina Marques de
Resumo: É inegável que as diferenças e desigualdades fazem parte do cotidiano da escola e se referem às múltiplas relações sociais que instituem as identidades que atravessam o espaço escolar e os processos de socialização e de saber. Nesse sentido, esta pesquisa considera a escola como um território de interações e lugares, em que estão presentes multiplicidades de significados e de silenciamentos, permeados por tensões fundamentais entre o singular e o plural, entre o particular e o universal. O objetivo geral do trabalho é compreender as situações de violências e conflitos, a partir das narrativas dos livros de ocorrências de uma escola pública de Governador Valadares/MG, tomando o espaço escolar como um território relacional que constrói e se (re)constrói simbolicamente nas relações sociais. Para isso, a pesquisa foi desenvolvida por meio de uma metodologia de caráter qualitativo com uma revisão bibliográfica sobre (in)disciplinas, violências/bullying e conflitos escolares entre 2015 e 2021, e de uma análise documental das narrativas relatadas nos livros de ocorrências no mesmo período. A revisão sistemática, proposta por Maria Cecília Minayo (2002), e suas categorias de análises, permitiram explorar as formas de uma pesquisa científica, sem apagar a historicidade dos dados. A análise documental, em uma perspectiva etnográfica, baseou-se em Mariza Peirano (2014), e a análise das narrativas, em Eni Puccinelli Orlandi (2020) para compor a problemática dos discursos. Ao refletir sobre os itinerários/caminhos que aproximam ou distanciam os conceitos de (In)disciplina, violências e conflitos escolares, a pesquisa (re)pensa as re-existências de identidades que atravessam o cotidiano da escola e a importância de conceituar e identificar as situações de violências e conflitos para ressignificar o entendimento sobre (in)disciplina. O trabalho fundamenta-se em aportes teóricos sobre os estudos territoriais, adotando as contribuições de Rogério Haesbaert (2004, 2007); e Yi Fu Tuan (1983), que reconhecem o espaço como o produto de inter-relações, constituído de interações, como esfera da possibilidade da existência da multiplicidade; estudos de gênero, embasado em Joan Scott (1995, 1989); Guacira Lopes Louro (1997, 2000, 2016) e Miriam Pillar Grossi (2004), que compreendem as violências de gênero no espaço educacional público como uma construção social que possibilita uma leitura territorial particular como campo de estudo promissor e dos processos educacionais de bell hooks (2013), Paulo Freire (1992) e Bernard Charlot (2001, 2012), que permitem analisar docentes e discentes a partir das dimensões sociais, identitárias e epistêmicas. Após análise das narrativas, os resultados demonstram que o território escolar desempenha papel protagonista na formação dos sujeitos e sua diversidade torna a escola um lugar rico de experiências. Porém os silenciamentos das violências contribuem para o fortalecimento de processos coloniais e desiguais. A leitura decolonial e interdisciplinar apresentada nesta pesquisa rompe a linha de fuga sobre os disciplinamentos que tanto atormenta e massacra docentes favorecendo uma re-leitura do lugar escola, por olhares menos hierarquizantes e capazes de refletir sobre as próprias relações com o poder e o saber.Abstract: It is undeniable that differences and inequalities are part of the school routine and refer to the multiple social relationships that establish the identities that cross the school space and the processes of socialization and knowledge. In this sense, this research considers the school as a territory of interactions and places, in which multiplicities of meanings and silencing are present, permeated by fundamental tensions between the singular and the plural, between the particular and the universal. The general objective of the work is to understand the situations of violence and conflicts, from the narratives of the occurrence books of a public school in Governador Valadares/MG, taking the school space as a relational territory that builds and is (re)built symbolically in the social relationships. For this, the research was developed through a qualitative methodology with a bibliographic review on (in)disciplines, violence/bullying and school conflicts between 2015 and 2021, and a documentary analysis of the narratives reported in the occurrence books in the same period. The systematic review, proposed by Maria Cecília Minayo (2002), and its categories of analysis, allowed exploring the forms of scientific research, without erasing the historicity of the data. The document analysis, from an ethnographic perspective, was based on Mariza Peirano (2014), and the analysis of the narratives, on Eni Puccinelli Orlandi (2020) to compose the inquiries of discourses. When reflecting on the itineraries/paths that approach or distance the concepts of (In)discipline, violence and school conflicts, the research (re)thinks the re-existence of identities that cross the school routine and the importance of conceptualizing and identifying the situations of violence and conflicts to resignify the understanding of (in)discipline. The work is based on theoretical contributions on territorial studies, adopting the contributions of Rogério Haesbaert (2004, 2007); and Yi Fu Tuan (1983), who recognize space as the product of interrelationships, consisting of interactions, as a sphere of possibility for the existence of multiplicity; gender studies, based on Joan Scott (1995, 1989); Guacira Lopes Louro (1997, 2000, 2016) and Miriam Pillar Grossi (2004), who understand gender violence in the public educational space as a social construction that enables a particular territorial reading as a promising field of study; and bell hooks' educational processes (2013), Paulo Freire (1992) and Bernard Charlot (2001, 2012), who allow analyzing teachers and students from the social, identity and epistemic dimensions. After analyzing the narratives, the results show that the school territory plays a leading role in the formation of people and its diversity makes the school a rich place of experiences. However, the silencing of violence contributes to the strengthening of colonial and unequal processes. The decolonial and interdisciplinary interpretation presented in this research breaks the line of escaping of the disciplines that torment and massacre teachers, favoring a re-interpretation of the school place, by less hierarchical perspectives and capable of reflecting on their own relationships with power and knowledge.
Descrição: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2022.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/244435
Data: 2022


Arquivos deste item

Arquivos Tamanho Formato Visualização
PICH0263-T.pdf 3.786Mb PDF Visualizar/Abrir

Este item aparece na(s) seguinte(s) coleção(s)

Mostrar registro completo

Buscar DSpace


Busca avançada

Navegar

Minha conta

Estatística

Compartilhar