Obstinadas: experiências político subjetivas de mulheres fotojornalistas no Brasil ditatorial (1964-1985)

Abstract

No intuito de colaborar com a produção e divulgação de conhecimento científico interdisciplinar crítico, cultural e social, este estudo trata sobre o fotojornalismo feito por mulheres durante a ditadura militar que teve início em 1964 e se soma a muitos outros dedicados aos eventos de golpes impostos a diversos países do Cone Sul que, como nos escreve Marialva Barbosa (2010), provoca rupturas na realidade construída e cristalizada destas histórias. Para isso, almeja-se uma análise com ênfase no recorte de gênero que possa mapear e debater as especificidades contidas nas experiências de mulheres, principalmente em relação à sociabilidade da profissão fotojornalista do período, estivessem elas vinculadas à mídia hegemônica, à imprensa alternativa ou, ainda, às agências de fotojornalismo e ao modelo freelancer de trabalho. Além de buscar entender a relação que algumas mulheres em especial tiveram com o movimento feminista do período, por meio do conceito de ?obstinação?, proposto pela pesquisadora feminista Sara Ahmed (2018), utilizo o método da história oral para perceber as condições tanto trabalhistas quando subjetivas que eram ofertadas à estas profissionais. Depois de propor um mapeamento feito a partir da internet e de fontes bibliográficas existentes, também é feito um debate sobre enquadramentos alternativos ao cânone (BUTLER, 2015) e a invisibilidade das mulheres fotojornalistas que não somente registraram eventos importantes do ponto de vista historiográfico, como também participaram de transformações fundamentais para o setor, dentre elas a regulamentação da profissão e a conquista de direitos autorais.

Abstract: In order to collaborate with the production and dissemination of critical, cultural and social interdisciplinary scientific knowledge, this study deals with the photojournalism made by women during the military dictatorship that began in 1964 and is added to many others dedicated to the events of coups imposed on several countries in the Southern Cone which, as Marialva Barbosa (2010) writes, causes ruptures in the constructed and crystallized reality of these stories. For this, an analysis with an emphasis on gender that can map and debate the specificities contained in the experiences of women, especially in relation to the sociability of the photojournalist profession of the period, is aimed at, whether they were linked to the hegemonic media, the alternative press or, also, to photojournalism agencies and the freelance work model. In addition to seeking to understand the relationship that some women in particular had with the feminist movement of the period, through the concept of ?obstinacy?, proposed by feminist researcher Sara Ahmed (2018), I use the method of oral history to understand both working conditions when subjective that were offered to these professionals. After proposing a mapping made from the internet and existing bibliographic sources, a debate is also made about alternative framings to the canon (BUTLER,2015) and the invisibility of women photojournalists who not only recorded important events from a historiographical point of view, but also they also participated in fundamental transformations for the sector, among them the regulation of the profession and the acquisition of copyrights.