Salinidade no cultivo da tilápia-do-nilo em sistema de bioflocos: qualidade de água, desempenho zootécnico, parâmetros hematológicos e composição bioquímica

Abstract

O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência de diferentes salinidades na qualidade da água, desempenho de crescimento, hematologia, composição centesimal e perfil de ácidos graxos da tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) criada em sistema de bioflocos. Juvenis de tilápia (200 ± 10 g) foram estocadas em unidades experimentais de 800 L de volume útil, em 4 tratamentos: 2, 8, 15 e 22 PSU, com 4 repetições, durante 56 dias. A qualidade da água permaneceu estável durante todo o estudo, para as diferentes salinidades. Já os parâmetros de crescimento diferiram, apresentando maior crescimento e sobrevivência nas salinidades de 2 e 8 PSU. O tratamento de 15 PSU apresentou alta sobrevivência, porém, com menor crescimento. Os parâmetros hematológicos mostraram diferenças na contagem de hemácias, hematócrito e glicose, indicando que a salinidade pode ter causado estresse aos animais criados em salinidades mais altas. Esses resultados indicam que a tilápia-do-Nilo pode tolerar altas salinidades quando criada em sistema de bioflocos. No entanto, salinidades acima de 15 PSU podem comprometer seu crescimento e ganho de peso. Em relação a composição centesimal, não foi observado diferença para os níveis de proteína bruta, matéria seca, extrato etéreo e cinzas. No que se refere ao perfil de ácidos graxos, os saturados (SFA) e monoinsaturados (MUFA) apresentaram maior teor quando as tilápias foram criadas em salinidade de 2 PSU. No percentual de ácidos graxos poli-insaturados (PUFA), não foi observado diferença significativa entre os peixes cultivados em salinidades de 2, 8 e 15 PSU; no entanto, os valores encontrados paras as tilápias cultivadas em 22 PSU foram significativamente menores. Os resultados sugerem que a tilápia-do-Nilo pode ser criada em sistema de bioflocos até 8 PSU sem comprometimento no desempenho zootécnico, na composição centesimal e no perfil de ácidos graxos.

Abstract: The present study aimed to evaluate the influence of different salinities on water quality, growth performance, hematology, proximate composition, and fatty acid profile of Nile Tilapia (Oreochromis niloticus) cultivated in a biofloc system. Nile tilapia juveniles (200 ± 10 g) were stored in experimental units of 800 L of working volume, in 4 treatments: 2, 8, 15 and 22 PSU, with 4 replications, for 56 days. Water quality remained stable throughout the study for different salinities. Growth parameters differed, with salinities of 2 and 8 PSU showing higher specific growth rate and survival. The 15 PSU treatment showed high survival, but with lower growth rate. Hematological parameters showed differences in red blood cell counts, hematocrit and glucose, indicating that salinity may have caused stress to animals grown at higher salinities. These results indicate that Nile tilapia can tolerate high salinities when cultivated in a biofloc system. However, salinities above 15 PSU can compromise its growth and weight gain. Regarding the proximate composition, no difference was observed for the levels of crude protein, dry matter, ether extract and ash. In oppose, in the fatty acid profile, the saturated (SFA) and monounsaturated (MUFA) fatty acids presented higher content when the tilapia were cultivated at 2 PSU. For polyunsaturated fatty acids (PUFA) levels, no significant difference was observed for fish cultivated at 2, 8 and 15 PSU, however, the values found for tilapia cultivated at 22 PSU were significantly lower. The results suggest that Nile Tilapia cultivated in a biofloc system can be cultivated in up to 8 PSU without compromising the zootechnical performance, the proximate composition, and fatty acid profile.