Fecundidade e Fertilidade como parâmetros para quantificar a tolerância de Aedes aegypti ao vírus Dengue

Abstract

Arbovírus são vírus transmitidos pela picada de artrópodes infectados, principalmente por mosquitos Aedes spp; e causam problemas de saúde pública com fortes efeitos sociais e econômicos. Mesmo na presença de altas cargas virais e ciclos replicativos, a infecção nesses insetos não gera impacto negativo na adaptação deles, logo, tornando-os tolerantes a arbovírus. Isto, não se dá somente pela ativação de vias imunológicas, mas também, por estímulos fisiológicos, incluindo reparo tecidual, respostas ao estresse e adaptações metabólicas. Investigações que buscam facilitar a compreensão dos mecanismos envolvidos na interação mosquito-vírus são interessantes, pois possibilitam bloquear a competência vetorial do mosquito e impedir a transmissão de doenças. A maior parte dos trabalhos publicados utilizam o parâmetro “média de morte” a fim de relacionar o impacto da infecção na saúde de insetos, no entanto, ainda é uma medida limitada, principalmente quando analisada sozinha. Nesse sentido, buscamos avaliar o perfil de tolerância de Aedes aegypti infectados por dengue sorotipo 4 sob os parâmetros de saúde: fecundidade (oviposição) e fertilidade (viabilidade dos ovos). Nossa hipótese é que existem mecanismos de tolerância durante a infecção fazendo com que fêmeas de Aedes aegypti não tenham impacto negativo na fecundidade e fertilidade. Para testá-la, construímos curvas de tolerância para os dois parâmetros mencionados. Sendo o eixo “x”, a quantificação da carga viral em mosquitos infectados através do ensaio de placa. E o eixo “y”, a fecundidade ou fertilidade das fêmeas, pela contagem de ovos e larvas, respectivamente. Com os dados atuais, mostramos que a biologia envolvida na fecundidade e fertilidade de Aedes aegypti infectadas são distintas, já que houve um pequeno aumento na fertilidade (viabilidade dos ovos) e uma pequena redução na fecundidade (postura dos ovos). O que sugere que mosquitos infectados apresentam perfil de tolerância viral para o parâmetro de saúde fertilidade, mas não tanto para fecundidade. Futuros experimentos serão realizados para determinar melhor os mecanismos moleculares envolvidos na manutenção de infecções virais persistentes em mosquitos vetores. A fim de evitar a circulação e exposição dos membros pela pandemia de COVID-19, o grupo decidiu diminuir parcialmente as atividades presenciais, focando-se principalmente em discussões de artigos.